29/08/2014 17:56 - Meio Ambiente
Radioagência
Especialistas tentam viabilizar economia de baixo carbono
Especialistas buscam a viabilização efetiva da economia de baixo carbono. O tema foi debatido, nesta sexta-feira, em audiência pública da Comissão do Congresso Nacional sobre Mudanças Climáticas, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo. Além de parlamentares, ambientalistas e cientistas, o evento reuniu o Forum Empresarial de Mudanças Climáticas e economistas do setor financeiro, como representantes do Banco Central, do Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Em entrevista à TV Alesp, o presidente da comissão, deputado Alfredo Sirkis, do PSB fluminense, explicou que o foco econômico do debate se deve à busca de uma nova ordem financeira internacional de baixo carbono e da superação das dificuldades que entravam os projetos baseados em baixa emissão de gases poluentes.
"A principal discussão é como criar um pano de fundo favorável para uma transição para uma economia de baixo carbono dentro do sistema financeiro internacional. Isso, trocado em miúdos, quer dizer a criação de uma moeda do clima e, sobretudo, o reconhecimento da redução de emissões de carbono como unidade de valor financeiro, como unidade de valor monetário".
Numa referência a Bretton Woods, a conferência internacional que redefiniu a economia mundial na década de 1940, o deputado Sirkis disse ser necessária a articulação dos bancos centrais de diversos países para lidar com essa "moeda do clima". Especialista em mudanças climáticas, o professor da UFRJ Emílio La Rovere avalia que algumas propostas já testadas, como a criação de taxas sobre a emissão de gases do efeito estufa e os certificados negociáveis de redução de emissões, sofreram reações e tiveram resultados apenas limitados. Segundo La Rovere, a comunidade científica apoia as iniciativas de se agregar valores social e financeiro ao carbono. Outro especialista, o professor Jean Hourcade, do Centro Internacional de Pesquisa sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da França, chegou a falar em formulação de um novo "pacto econômico-ambiental". O deputado Sirkis ressalta a relevância dessa discussão.
"Isso é extremamente importante em uma era em que os governos têm recursos limitados para investir na transformação de suas economias em direção ao baixo carbono; e para poder atrair recursos do sistema financeiro internacional. Recursos que hoje servem meramente para especulação e que podem ser trazidos para uma economia produtiva que gere empregos e, ao mesmo tempo, contribua para cortar as emissões dos gases do efeito estufa".
As audiências regionais da comissão visam subsidiar o Congresso e o governo brasileiros na coleta de propostas que poderão ser apresentadas nas duas próximas Conferências da ONU sobre Mudanças Climáticas, as COP 20 e 21, previstas respectivamente para novembro deste ano, em Lima, no Peru, e dezembro de 2015, em Paris.