21/07/2014 14:04 - Política
Radioagência
Câmara dos Deputados recebe nova edição do Projeto Politeia
Politeia, do grego, é a comunidade que preza pelos direitos, em que se pratica a cidadania e a democracia. Em bom português é isso que perseguem os participantes do programa Politeia, realizado pela Universidade de Brasília com apoio da Câmara dos Deputados. O projeto transforma em deputados, por uma semana, 140 estudantes, majoritariamente da Ciência Política, mas também de Economia, História, e outras áreas. E ajuda a ensinar o que nem sempre se pode aprender em sala de aula, como conta a Coordenadora do projeto, Bruna Ribeiro:
"Tem muito esse discurso de que político não faz nada, deputado não faz nada, eles vêm aqui quando eles querem, mas tem muito deputado que trabalha e trabalha muito. Então a função do Politeia, vir simular, serve pra isso para as pessoas conhecerem o cotidiano da Câmara dos Deputados, conhecerem o trabalho, e entenderem um processo que é muito importante e que as pessoas não conhecem."
E o exercício da política, para ser completo, vai sempre estar acompanhado do exercício do jornalismo, do olhar da sociedade por meio da imprensa. Além dos 140 estudantes deputados, 16 estudantes jornalistas se revezam na cobertura dos debates e das negociações, tentando ser crítico não apenas com a política, mas com a própria cobertura feita cotidianamente pela imprensa. Luana Brasil, editora do Jornal Politeia, relata a experiência:
"Uma das coisas que a gente não concorda muito é a cobertura direcionada só para determinados projetos de lei, para determinadas bancadas, então a gente tenta buscar o mais variado possível de temas, buscar abarcar as discussões o máximo possível para não ficar uma coisa muito delimitada."
Discursos, debates, apartes, e até cochichos... tudo igual ao que acontece cotidianamente no Congresso Nacional. E a busca pelo convencimento, pela construção de consensos, de acordos, pela compatibilização de posições antagônica, algo que nem sempre é possível. A deputada potiguar Izabela Patriota, que representa o PT, atesta que, na prática, a política é bem mais difícil do que aparenta:
"A demora, ela não necessariamente é prejudicial, até para não tomarmos medidas inconsequentes que posteriormente tragam prejuízos para a sociedade. Então, a reflexão democrática, trazendo esse embate de ideias, ele é saudável."
Os jovens deputados são divididos em bancadas respeitando os partidos existentes atualmente e na mesma proporção das bancadas reais. O regimento e demais regras também são respeitados, com pequenas adaptações de prazo e número. E tudo é acompanhado de perto por quem auxilia os verdadeiros deputados: dois consultores estão a postos para garantir que o trabalho legislativo seja o mais próximo do original. O consultor Fernando Rocha garante que a qualidade dos debates é real:
"Nós estamos vivamente impressionados, por que há um domínio bastante grande de aspectos regimentais, das normas que dizem respeito ao funcionamento das comissões, e é interessante que eles vivenciam, se tornam realmente deputados neste período que estão aqui."
E a legislatura começa com um debate de alto nível: projeto que determina a realização de novas eleições sempre que os votos brancos e nulos somarem mais que os votos dados aos candidatos. A exemplo do que acontece na realidade, o debate mais aprofundado ocorre nas comissões, neste caso, na Comissão de Constituição e Justiça. Mas a palavra final sempre cabe ao Plenário, o ponto alto da experiência e cuja a sessão deliberativa ocorre na sexta-feira, fechando uma intensa semana de aprendizado.