23/04/2014 19:30 - Política
23/04/2014 19:30 - Política
Empresários, trabalhadores e governo concordam com a necessidade de reduzir a rotatividade de mão-de-obra na indústria química brasileira. Os debatedores, porém, não chegaram a um consenso em audiência pública da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público nesta quarta-feira (23).
Estudo recente do Dieese destaca o problema da rotatividade nos diferentes segmentos da indústria química no Brasil. Os trabalhadores desligados no setor químico em 2011 chegaram a quase 860 mil, quase 30% a mais do que as demissões em 2006. Na indústria plástica, foram cerca de 180 mil trabalhadores desligados.
Além disso, mais de 60% dos trabalhadores desligados tinham menos de um ano de trabalho na empresa que os demitiu. Além disso, um trabalhador admitido no setor químico recebe 10% a menos do que recebia um trabalhador demitido.
O consultor de Relações Trabalhista e Meio Ambiente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Gilmar do Amaral, afirmou que a maior parte das demissões que geram rotatividade no setor é pedida pelos funcionários. De acordo com ele, os trabalhadores pedem demissão para ficar com os recursos do seguro desemprego e do FGTS. Ele sugeriu uma mudança na política de garantia do seguro, como maior contrapartida de qualificação. O setor é o terceiro maior empregador industrial e quase 9 em cada 10 indústrias são de empresas com menos de 50 empregados.
Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico, Antonio Silvan de Oliveira, contestou a afirmação e disse que a culpa não é dos trabalhadores. Ele culpou a acomodação de empresários em não oferecer cursos de qualificação ou possibilidade de melhoria salarial. Oliveira sugeriu que o governo compense empresas que mantém baixos índices de rotatividade.
Para o deputado Francisco Chagas, do PT paulista, a solução para a alta rotatividade pode vir por uma comissão formada por representantes de empresários, trabalhadores, governo e legislativo.
"Ninguém gosta de rotatividade. O trabalho não gosta porque reduz salário. As empresas não gostam porque tem um alto custo dessa rotatividade, então tem de treinar, tem de demitir e tem custos de demissão. E o governo não gosta porque afeta esses fundos de assistência do trabalho. Existe uma comunhão mal resolvida. Todos concordam que precisa reduzir a rotatividade, mas ela continua crescendo."
Francisco Chagas foi um dos que solicitou o debate. Essa foi a mesma posição defendida por técnicos do Ministério do Trabalho que participaram da audiência.
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