22/04/2014 19:44 - Economia
Radioagência
Parlamentares defendem regulação da qualidade do serviço de companhias aéreas
Os parlamentares que participaram da audiência pública da Comissão de Legislação Participativa para discutir as tarifas aéreas concordaram que o país ganhou quando o governo deixou de determinar o preço das passagens, mas afirmaram que é preciso regular a qualidade do serviço prestado ao usuário dos serviços aéreos.
Desde 2002, o Brasil adotou a política de liberdade tarifária. As empresas passaram a ter liberdade de fixar o preço de suas passagens, fazer promoções e também disputar mercados. Até lá, o governo permitia o monopólio da prestação de serviços em algumas linhas e definia o preço máximo e mínimo que poderia ser cobrado.
De acordo com o gerente de Análise Estatística da ANAC, Cristian Vieira dos Reis, os preços eram altos em razão da elitização do serviço.
"Antes nós tínhamos uma tarifa fixada pelo governo e você tinha um monte de serviços embutidos naquela tarifa. O usuário podia remarcar passagem a qualquer momento. O usuário podia não comparecer ao vôo e remarcar aquele bilhete. Ele tinha um serviço de bordo de primeira linha. Essa tarifa era uma tarifa elevada e você tinha uma exclusão"
Ele explicou que a liberdade no mercado significou a redução do preço médio em 40%. O universo de pessoas que utilizam o transporte aéreo passou de 30 milhões para 100 milhõe de brasileiros, o terceiro mercado do mundo. Reis acrescentou que, em 2002, apenas 30% das viagens entre estados eram feitas por avião. Hoje, o segmento responde por 60% das viagens.
Segundo alguns deputados, a redução não é igual em todas as regiões do País. O presidente da Comissão, deputado Zequinha Marinho, do PSC do Pará, mostrou levantamento que mostra que a passagem Brasília/Belém tem preço médio de mil e quinhentos reais. O deputado Domingos Dutra, do Solidariedade do Maranhão, afirmou que a qualidade dos serviços é revoltante. O deputado Nelson Marchezelli, do PTB de São Paulo, levantou a questão das empresas internacionais e mostrou que é mais barato ir a Nova York, pagando hotel do que ir a Manaus.
Mas o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Eduardo Sanovicz, insistiu que o consumidor que planeja sua viagem e compra com antecedência viaja mais barato. Quando os vôos começam a ficar lotados, os preços sobem, obedecendo às leis do mercado. Ele disse que a forma como é calculado o preço do querosene de avião torna o combustível mais caro e com mais peso no preço final. A isso se acrecenta a cobrança de ICMS sobre esse combustível, tributo que não existe no resto do mundo.
"Estamos exportando turistas porque a aviação brasileira em uma década derrubou em 40% seus preços médios e parou de derrubá-los porque bateu no chão dos custos. Enquanto a competitividade de algumas empresas internacionais é maior do que a nossa"
Ao contrário dos parlamentares o Coordenador de Estudos e Monitoramento de Mercado do Ministério da Justiça, Celso Soares, afirma que são poucas as queixas sobre preços de tarifas. Ele diz que o sistema de liberação tarifária é inquestionavelmente benéfico, mas que é preciso informar o consumidor sobre as regras e restrições que acompanham o preço mais baixo.
"Pelo menos para que possa o consumidor entender o que ele está contratando, fazer uma comparação entre as tarifas da companhia e fazer uma comparação entre as companhias"
Para o deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, autor do requerimento para a audiência pública, falta muito mais que informação, faltam regras para a relação com o consumidor. Ele disse que há desmandos que não se justificam simplesmente com a competição.
"Em muitos casos, a remarcação é maior do que a tarifa, quando ela é obtida em termos proporcional. A mesma coisa em relação ao banco de milhagem, que não há nenhuma regulamentação. De Belém para São Paulo era 10 mil pontos, hoje é 50 mil. Não há virtuosidade de mercado que explique"
Jordy é autor de três projetos de lei (PLs 6484/13, 6546/13 e 6417/13) que regulamentam aspectos como o banco de milhas.