10/10/2013 15:12 - Educação
10/10/2013 15:12 - Educação
Deputados e professores criticaram a formação de oligopólios no ensino superior e a transformação da educação em negócio no Brasil, em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara. A comissão debateu o impacto na qualidade do ensino provocado pela fusão entre as empresas Kroton Educacional e Anhanguera Educacional, anunciada no primeiro semestre.
A fusão dessas empresas ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. Se concretizada, poderá criar o maior grupo educacional do mundo. Juntas, as empresas terão mais de 800 unidades de ensino superior e quase 1 milhão de alunos, sendo metade no ensino presencial e metade no ensino à distância.
O deputado Ivan Valente, do PSol de São Paulo, um dos que propôs o debate, acredita que as grandes fusões no setor de educação afetam a qualidade do ensino.
"Essas fusões, a entrada de capital estrangeiro, a jogada de ações na bolsa, a transformação das escolas em mega-empresas visando o lucro, o lucro de acionistas, não interessa ao bom desenvolvimento e à qualidade do ensino. E a prova disso é que o próprio Enade constatou, por exemplo, a Anhanguera com 54% dos seus cursos com nota insuficiente, de 1 a 2".
A professora da Universidade de Brasília Cristina Helena de Carvalho ressaltou que, para gerar lucros, as grandes empresas educacionais reduzem custos, com a oferta de baixos salários, demissão dos professores mais qualificados e precarização das relações de trabalho. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino também é contrária à fusão, por acreditar que provocará concentração. A entidade destaca que o número de alunos que a nova empresa Anhanguera-Kroton vai atender corresponde a 20% das matrículas no ensino superior no Brasil.
Para o representante da Kroton Educacional, Rodrigo Capelato, o problema não é o grupo concentrar 1 milhão de estudantes, mas o baixo número de alunos matriculados no ensino superior.
"Apenas 15% dos jovens estão no ensino superior. Então, muito mais do que a concentração, essa quantidade de jovens no ensino superior precisa ser muito ampliada. Então se nós tivermos indicadores de países desenvolvidos, tem que triplicar essa taxa de 15% para 40%, 45%. Ao triplicar, toda essa concentração cai por terra, porque você dilui com o número de alunos e de instituições".
Rodrigo Capelato também afirmou que as instituições privadas são responsáveis por democratizar o acesso ao ensino superior. Segundo ele, mais de 60% dos alunos do grupo se concentra nas classes C, D e E.
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