16/05/2013 19:05 - Saúde
Radioagência
Lei que prevê embalagem com informação sobre glúten completa 10 anos nesta quarta
No dia 16 de maio, a lei que tornou obrigatória a identificação dos alimentos com glúten nas embalagens ou rótulos (10.674/03) completou 10 anos. O objetivo da lei, aprovada na Câmara em 2001, é permitir que as pessoas alérgicas ao glúten ou que tenham a doença celíaca identifiquem a presença do componente e não consumam o alimento.
A doença celíaca afeta aproximadamente 2 milhões de brasileiros, mas a maioria das pessoas não sabe que tem a enfermidade, provocada pela intolerância permanente ao glúten. De cada oito celíacos, apenas um tem o diagnóstico. Essas pessoas não podem ingerir alimentos como pães, bolos, bolachas, macarrão, coxinhas, quibes, pizzas, cerveja, whisky e vodka, quando esses alimentos possuírem o glúten em sua composição ou processo de fabricação.
O médico Leandro Rodrigues, especialista em doença celíaca, explica que a enfermidade se manifesta geralmente na infância, entre o primeiro e o terceiro ano de vida. Mas ela pode surgir em qualquer idade, inclusive adulta. Leandro Rodrigues afirma que o tratamento é simples - basta não ingerir glúten:
"A doença celíaca é uma doença autoimune onde a principal manifestação é a diarreia. Mas, em casos mais graves, a complicação da doença celíaca pode ocasionar até câncer na pessoa. Se ela tem suspeita de doença celíaca, ela procura um centro de atendimento, e aí diagnostica e faz o tratamento certo. Mas uma pessoa que não trata, que não segue a dieta à risca e continua consumindo glúten, ela pode desenvolver câncer de intestino”.
O diagnóstico da alergia ao glúten e da doença celíaca é relativamente simples, basta fazer um exame de sangue e a biópsia do intestino. Para facilitar o acesso das pessoas ao diagnóstico e tratamento dessas enfermidades, a Comissão de Seguridade Social da Câmara está analisando projeto da deputada Rose de Freitas, do PMDB do Espírito Santo, que obriga hospitais do Sistema Único de Saúde a realizar os exames de diagnóstico.
O relator, deputado Manato, do PDT do Espírito Santo, recomenda a aprovação do projeto. Ele falou que o Brasil tem condições de implementar a lei e enfrentar a doença:
"Sim, está preparado, porque o tratamento é única e exclusivamente parar o contato. Se a pessoa não se alimentar desses alimentos que contêm o glúten, ela está curada”.
O presidente da Associação dos Celíacos do Brasil, Paulo Roberto da Silva, afirma que o projeto vai facilitar o diagnóstico da doença.
"Antes, a gente não tinha lugar nenhum para fazer o exame, a não ser os laboratórios particulares que são caros, é caro o exame. Com esse projeto é que o celíaco vai ter... o celíaco não, nem falo o celíaco: as pessoas que têm os sintomas da doença celíaca - diarreia, dores abdominais - vão chegar no médico, o médico já pede o exame e faz”.
Como o principal tratamento da alergia ao glúten e da doença celíaca é uma dieta sem glúten, o projeto obriga o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a distribuir cestas básicas com produtos que não contenham glúten aos pacientes de baixa renda. Nas escolas públicas, os portadores dessas doenças também vão ter direito à merenda escolar especial, sem o glúten.