Rádio Câmara

PARA ENCERRAR A SÉRIE DE MATÉRIAS SOBRE RECICLAGEM, A REPORTAGEM ESPECIAL DE HOJE MOSTRA SUGESTÕES ECOLOGICAMENTE CORRETAS QUE PODERÃO SER ADOTADAS EM CASA E NO TRABALHO.

A musicoterapeuta Beatriz Agostini preside a ONG Patrulha Ecológica e decidiu viver num ambiente que produz o menor volume de lixo possível. Em plena capital federal, ela construiu uma casa que, praticamente, recicla tudo aquilo que normalmente seria jogado fora. Todo o lixo seco é levado para uma cooperativa de catadores, que o utiliza como matéria-prima na fabricação de outros diversos produtos. Os restos de comida são colocados numa composteira e transformados em fertilizantes. Beatriz conta que, em sua casa ecologicamente correta, nem a água da chuva é desperdiçada.

"Eu tenho captação de água da chuva, já que nós estamos com problema de água no planeta. Eu fiz uma caixa de ferro e de cimento que capta 50 mil litros do telhado. Se por acaso faltar água, eu tenho a água da chuva, que pode ser usada, sem problema nenhum, para beber, cozinhar, aguar minhas plantas, limpar casa e lavar roupa."

Até banheiros secos foram construídos para transformar fezes humanas em adubo. Para quem acha a idéia absurda, vale a pena conhecer as experiências do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, com sede em Pirenópolis, no interior de Goiás. Além de evitar o desperdício de quase 10 litros de água em cada descarga de vaso sanitário comum e de impedir a contaminação de rios com o esgoto, o banheiro seco desenvolvido pelo IPEC ocupa pouco espaço dentro de casa e dispensa o uso de tubulações hidráulicas. Os dejetos caem diretamente numa composteira, onde se misturam à serragem de madeira e a minhocas que eliminam as toxinas. O material se transforma em fertilizante de excelente qualidade para uso agrícola. Beatriz garante que a solução do banheiro seco é barata, higiênica e eficiente.

"Depois de fazer as necessidades, coloca-se serragem. É incrível: o banheiro é dentro de casa e não tem cheiro nenhum. Quando se termina de usar o banheiro, aquilo fica estocado ali mais ou menos um ano. Aí ele fica fechado, lacrado e se usa outro (banheiro). E quando se abre, lá está um adubo de primeira qualidade. Se quiser, pode-se colocar direto na horta sem problema porque ele está todo curtido: tira-se só terra preta, num composto super rico."

Os banheiros secos são mais recomendados para casas em zonas rurais ou em periferias urbanas. Quem quiser conhecer melhor a tecnologia pode acessar o site do IPEC: www.permacultura.org.br/ipec

TRILHA

O local de trabalho também pode ser adaptado para produzir o menor impacto ambiental possível. Na iniciativa privada e nas repartições públicas, os gestores administrativos já desenvolvem projetos de responsabilidade ambiental. A Câmara dos Deputados também contribui em várias frentes ecológicas. Aos deputados, cabe a aprovação de leis capazes de alavancar os princípios do desenvolvimento sustável. Os meios de comunicação da Casa difundem programas, como o "Salão Verde" da Rádio Câmara, que ajudam no trabalho de conscientização da população. E a administração da Casa incentiva, desde 2003, o projeto Ecocâmara para aplicar internamente várias soluções ambientais bem sucedidas. A assessora técnica do Ecocâmara, Jacimara Machado, explica uma dessas soluções: o Escritório Verde, concebido para ser um espaço permanente de ecoprodutos.

"A proposta do Escritório Verde era montar um espaço que, além de ser uma vitrine ecológica, pudesse utilizar alguns itens de produtos ecologicamente corretos, que já estão acessíveis hoje no mercado. São mais ou menos uns 10 itens de produtos que já estão no mercado: telha, tijolo e madeira ecológicos, produtos de decoração, materiais reciclados, produtos que economizam água. A idéia é influenciar no padrão de consumo. É a famosa promoção das mudanças de padrões de consumo, que está na Agenda 21 global."

Ao incentivar a adoção de novos padrões de consumo, o Ecocâmara também aposta numa mudança gradual de comportamento que leve às práticas corretas de reciclagem.

"Hoje a gente vem tentando fazer que as pessoas entendam como esse processo da reciclagem, na hora do descarte, é importante para viabilizar todo o restante do processo, ou seja, o trabalho dos catadores, a chegada do material na fábrica, a recuperação desse material para entrar no ciclo produtivo de novo e o produto, finalmente, ser consumido pelas pessoas."

TRILHA

A ONU acaba de divulgar um relatório científico com previsões sombrias sobre o impacto das mudanças climáticas no futuro da humanidade. Para a América Latina, desenha-se um cenário de aumento do nível do mar, dificuldade de acesso à água potável, perda da biodiversidade, salinização do solo, desertificação de áreas semi-áridas e transformação da floresta amazônica em cerrado.

MÚSICA: "Apocalipse não" (Blitz)
Quando olho pro Sol meu Deus!
Fico pensando em mim e você!
Não quero ficar vendo o mundo acabar pela TV
Meu Deus isso é sério!
Meu Deus isso é sério demais!

Longe de qualquer tom alarmista, o alerta da ONU está sendo levado a sério pelos meios científicos e governamentais. Ao longo desta série de reportagens especiais, apresentamos várias iniciativas bem sucedidas de reciclagem de produtos, que garantem, ao mesmo tempo, presenvação ambiental e inclusão social. Muitas outras experiências estão em curso pelo mundo afora e podem, perfeitamente, ser adotadas por cada um de nós. Lembre-se que a plena responsabilidade ambiental de todos os cidadãos passa por atitudes simples, no dia-a-dia, que podem representar a sobrevivência do planeta.

De Brasília, José Carlos Oliveira

A SéRIE DE REPORTAGENS ESPECIAIS DESTA SEMANA TEVE TRABALHOS TéCNICOS DE FRANCISCO MENDES E PRODUçãO DE LUCéLIA CRISTINA E MôNICA LION. COMO TODOS OS PRODUTOS DA RáDIO CâMARA, AS MATÉRIAS ESTÃO DISPONÍVEIS NA INTERNET PARA DOWNLOAD GRATUITO. ACESSE A PáGINA WWW.RADIO.CAMARA.GOV.BR, CLIQUE EM ACESSE OS PROGRAMAS E DEPOIS NO íCONE REPORTAGEM ESPECIAL.