10/10/2018 20:30 - Política
Radioagência
Especialista dá orientações para que discussão durante eleições não abale amizades e relações familiares
As eleições 2018 estão abalando as relações sociais. Amigos, familiares, colegas de trabalho: ninguém escapa de participar ou, pelo menos, assistir um barraco nas redes sociais.
Seja comentando nos posts alheios do Facebook, Instagram e Twitter ou saindo do grupo no WhatsApp. Nesta era de redes sociais, locais online para discutir é o que não falta.
O estudante Adriano Magalhães conta que, por uma desavença política com o pai, está com a relação abalada com a família inteira.
"Eu não moro com meus pais, então no dia das eleições eu mandei uma mensagem no grupo da família desejando boas eleições e pedindo para que meus pais votassem conscientemente no dia. Meu pai, sabendo que eu não apoio o candidato dele, respondeu a minha mensagem com um texto de apoio a este candidato e eu, não gostando da atitude dele, acabei saindo do grupo da família. Em resposta a isso, meu pai foi em outro grupo de família e respondeu a meu comportamento me chamando de coitado. Desde então eu não falo com meu pai e minha relação com o resto da família está abalada."
Às vezes as brigas virtuais são levadas tão a sério que acontece até ameaça de processo judicial. É o caso da estudante Mariana Almeida.
"Eu fui avisar uma pessoa no Facebook que ela tinha compartilhado fake news e essa pessoa começou a apelar, não entendeu e pediu provas do que eu estava falando. Eu falei que não iria me referir a este candidato homofóbico e racista, e essa pessoa achou que eu estava me referindo a ela mesma e me ameaçou de processo."
E é claro que os memes não poderiam faltar nesse contexto de brigas na internet. Meme é como se chama uma imagem de humor muito circulada na rede. A estudante Natália Duarte se envolveu em uma discussão que começou assim:
"Eu estava conversando no Instagram sobre política com um policial e ele começou a apelar, aí eu mandei um meme que queria dizer que eu respeitava a opinião dele. Ele me chamou de hipócrita e eu não respondi. Aí ele veio me pedir desculpa e falar que eu era muito nova pra votar, por isso eu não sabia em quem eu estava votando."
Para o psicólogo especialista em comportamento, Fernando Miranda, é preciso colocar na balança as consequências que uma briga, mesmo sendo virtual, com um amigo ou familiar pode trazer para essa relação.
"Se aquela discussão puder ser uma discussão política que gere frutos e que não passe para um lado ofensivo, acredito que o debate é sempre importante. A gente vive em uma sociedade democrática, então acho que isso tem que acontecer. O que não pode acontecer é usar o anonimato da rede social pra ofender alguém que você não conhece. No caso de familiar, pode ser um pouco mais sério quando essa ofensa acontece publicamente. Porque no que você leva segundos pra fazer um comentário, você pode perder uma relação da vida inteira."
Diferentemente das brigas políticas na internet, as eleições têm data para acabar: dia 28 de outubro, no segundo turno. A certeza é que, pelo menos até lá, os grupos do WhatsApp e outras redes sociais vão ficar bastante agitadas.