13/09/2018 16:57 - Educação
Radioagência
Relator vai defender aumento de recursos para universidades e institutos federais fora das sedes
Dos 332 campi universitários do país, 268 estão fora das sedes. Em relação aos institutos federais, são 650 campi espalhados pelo país. Uma subcomissão criada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados está levantando os principais problemas destas unidades fora do campus principal. O relator da subcomissão, deputado Pedro Uczai, do PT de Santa Catarina, aponta a Emenda Constitucional 95, que limitou os gastos em várias áreas por 20 anos, como o maior entrave aos investimentos no ensino superior.
"E onde as universidades e os institutos mais precisam de investimento? Nos campi fora das sedes. Nos espaços onde começaram 5 anos, 10 anos, 8 anos, 4 anos, que estão se consolidando os campi. Então precisa prédio, precisa laboratório, precisa ampliação de biblioteca, algumas áreas precisam de ampliação de sala de aula."
O parlamentar adianta que, em seu relatório, também vai ressaltar a importância do aumento dos recursos para as universidades e institutos federais no Orçamento de 2019.
Em uma audiência pública aqui na Câmara, o Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Barone, reconheceu problemas de gestão e obras paradas. E relatou outros problemas dos campi fora das sedes. Em Minas Gerais, por exemplo, há conflitos entre as sedes e os campi que ficam em outras regiões do estado, por causa de diferenças culturais e das diversas demandas sociais. Ele deu mais exemplos:
"Nós temos em outros estados, como é o caso do Rio Grande do Sul, situações em que alguns campi estão situados muito mais distantes da sede institucional do que as sedes de outras instituições também consolidadas. Há outros casos ainda de campi em cidades tão desprovidas de infraestrutura e tão mal situadas do ponto de vista estratégico na expansão que nós temos que reexaminar profundamente a situação."
Para o deputado Pedro Uczai, além da distância, é preciso levar em conta outros fatores na hora de avaliar a possibilidade de implantar novos campi, como o número de habitantes da região e a ausência de outras instituições de ensino. Na mesma audiência pública, dirigentes de várias universidades e institutos federais fizeram reivindicações.
Anderson Ribeiro, diretor do campus da Universidade Federal da Fronteira Sul em Erechim, no Rio Grande do Sul, defende que infraestrutura, pessoal e orçamento são importantes, mas que é preciso pensar nos outros objetivos das instituições.
"Ter condições pra, além de fazer formação, que é uma das coisas que a gente é destinado, também ter pós-graduação, produzir e difundir conhecimento, realizar pesquisa e extensão."
Francisco Landim Neto, diretor-geral do campus da Universidade Federal do Amapá em Oiapoque, o extremo norte do país, relata como a presença das instituições de ensino modificou a vida do município, conhecido, segundo ele, como um grande prostíbulo e uma grande área de garimpo.
"A partir do momento que o campus binacional da Universidade Federal do Amapá e o campus avançado do IFAP chegam nessa cidade, inicia um processo de mudança, onde a gente aos poucos está implementando e incentivando a construção de um verdadeiro conceito de cidadania, que nada mais é do que participação social com qualidade."
A subcomissão que investiga os problemas dos campi de universidades e institutos federais fora das sedes tem até o fim deste ano para apresentar o relatório final.