04/09/2018 14:07 - Educação
Radioagência
Deputados cobram respostas sobre incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro
Deputados cobram respostas sobre o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, destruído neste domingo (2), para que o fato não se repita em outros acervos pelo País.
O presidente da Comissão de Educação, Danilo Cabral, do PSB pernambucano, afirmou que vai tentar debater esta semana no colegiado a convocação dos responsáveis pela gestão do museu.
O objetivo, segundo Cabral, é entender a situação no Rio e também evitar outros casos semelhantes em mais museus:
“A expectativa nossa é que a gente faça uma provocação na própria Comissão de Educação para que convoque aqueles que são responsáveis pela gestão de todo esse acervo histórico no próprio Ministério da Educação, na própria Cultura, nos ambientes que dialogam com essa preservação da nossa história. Para que a gente possa fazer um debate, possa esclarecer o que de fato aconteceu em relação a esse fato. E, em segundo, para que a gente tenha um diagnóstico da situação dos demais museus no Brasil, para que não seja permitido que esse fato se repita em outras situações. É jogar uma lupa sobre o problema.”
Para Cabral, a tragédia reflete o descaso histórico que o Brasil sempre teve com sua educação e sua cultura. Ele criticou a redução dos recursos para o museu e a cultura em geral nos últimos anos, em especial após a aprovação do teto de gastos (EC 95/16). O texto prevê que as despesas só podem aumentar conforme a inflação.
Segundo o deputado Celso Pansera, do PT do Rio de Janeiro, a prioridade agora é tentar conseguir um terreno próximo ao Museu Nacional para realocar o acervo recuperado e, assim, tentar reconstruir o museu. A ideia seria deixar o prédio histórico onde fica o museu atual exclusivo para exposições.
Pansera disse que o museu tinha muito material de fácil combustão e não havia isolamento entre as salas. Isso ajudou a propagar as chamas:
“O risco dessa tragédia era já iminente e cada vez mais plausível de acontecer em virtude do corte muito drástico das verbas de custeio. Falta de condições de dar uma manutenção adequada para o prédio.”
Celso Pansera é autor de dois requerimentos nas comissões de Educação, e de Ciência e Tecnologia, para discutir a situação do museu em meio às comemorações de junho pelos 200 anos do local. Segundo o deputado, a crise do museu é reflexo da falta de recursos em geral para as universidades federais. O acervo e as instalações do Museu Nacional pertencem à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O museu perdeu cerca de R$ 330 mil em 2017 em relação ao total usado em 2013, segundo dados da consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados. Em 2013, foi quase um milhão de reais em recursos públicos dos orçamentos dos ministérios da Educação e da Cultura. Já em 2017, o valor ficou em pouco mais de 640 mil. Até agosto, o total pago neste ano ficou abaixo de cem mil reais.
O Museu Nacional é a mais antiga instituição científica e museológica do Brasil e completou 200 anos em junho. Seu rico acervo era composto por mais de 20 milhões de itens. O prédio, de grande valor histórico, foi sede principal da monarquia até a proclamação da República.