15/08/2018 20:08 - Política
Radioagência
Cientista político comenta mudanças no perfil do eleitorado brasileiro
De 2002 para cá, houve mudanças no perfil do eleitorado brasileiro. Em dados gerais, após 16 anos, os eleitores têm maior escolaridade, estão mais velhos e moram em cidades grandes, com mais de 100 mil habitantes. Essas mudanças no perfil do eleitorado podem afetar o resultado das eleições.
Para tentar responder algumas questões, tendo em vista as mudanças nos dados estatísticos dos eleitores, a Rádio Câmara ouviu o cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília.
Para o professor, o nível de escolaridade maior, tanto universitário quanto no ensino médio, pode influenciar o número de votantes:
"A maior porcentagem do eleitorado diz que não vai votar: 'Todo mundo é corrupto e não vou votar em ninguém'. Então pode ser que esse nível de escolaridade tem alguma coisa a ver com essa onda de opinião. Supostamente, os que têm mais escolaridade vão ter mais cuidado em examinar os candidatos e decidir qual candidato que vai votar."
A idade dos eleitores também mudou, e há mais pessoas acima de 60 anos - são 18,5 % - contra 15,6% dos eleitores que têm entre 16 e 24 anos. Isso pode mudar o perfil ideológico dos eleitores, na opinião de David Fleischer.
"Nossa demografia mostra que a expectativa de vida agora está em torno de 75 anos, em 2002 deve ter sido talvez 67 ou 68 anos, então essa faixa acima de 60 anos, as pesquisas de opinião mostram que é mais conservadora."
O aumento do eleitorado feminino, que passou de 51% para 53%, também influencia as eleições, segundo o cientista político.
"Em 2018, nós temos mais mulheres candidatas a vice do que nas eleições anteriores. E, supostamente, a mulher pode completar bastante a chapa. (...) E para governador também."
Além das mudanças no perfil do eleitorado, as empresas estão impedidas de fazer doações para campanhas, e as recentes investigações sobre corrupção também podem alterar os resultados das eleições neste ano, de acordo com David Fleischer.
"Outra diferença grande é que o período da campanha é mais curto do que em 2014. O horário gratuito na televisão só começa em 31 de agosto. Nós vamos ter bastante debates na televisão entre os candidatos, que têm bastante audiência dos eleitores também. Mas, eu não sei se os eleitores vão prestar mais atenção em escolher seus candidatos do que em 2014 ou não porque outra grande diferença neste ano, nós temos todo o impacto da Lava Jato e todas as outras investigações, e a imprensa tem divulgado bastante quem é acusado no Supremo para a reeleição, tanto deputados como senadores. Então, talvez o eleitor vai ser um pouco mais atento quais são os candidatos à reeleição que são ficha limpa e ficha suja."
As eleições deste ano serão no primeiro domingo de outubro, dia 7. Os eleitores vão votar para presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais e governadores. Se houver segundo turno, será no último domingo de outubro, no dia 28.