24/05/2018 13:31 - Saúde
Radioagência
Especialistas defendem campanhas de conscientização sobre o câncer de fígado
Diagnóstico precoce, campanhas de conscientização e acesso a tratamento rápido e de qualidade em todo o País. Esses foram os principais pontos destacados em audiência pública conjunta realizada pelas comissões de Legislação Participativa e de Seguridade Social e Família que debateu o Carcinoma Hepatocelular, conhecido como CHC.
O CHC é um tumor agressivo no fígado, e não apresenta sintomas nos estágios iniciais. Os principais fatores de risco são infecções provocadas pelos vírus das hepatites B e C, cirrose relacionada ao consumo excessivo de álcool e o acúmulo de gordura no fígado.
A deputada Flávia Morais, do PDT de Goiás, destacou que tem crescido o número de casos, principalmente por causa da obesidade, diabetes tipo II e pelo aumento do consumo excessivo de álcool. A parlamentar ressalta a necessidade do diagnóstico da doença ainda no início:
"Por ser uma doença silenciosa, assim como seus fatores de risco, o diagnóstico de CHC é tardio e, em muitos casos, o tratamento apresenta resultados limitados. O CHC é uma doença agressiva e como as opções de tratamento disponíveis para as fases mais avançadas não possibilitam a cura, a prevenção e o diagnóstico precoce se tornam essenciais para combatê-lo."
No Brasil, o Carcinoma hepatocelular já é o quinto tipo de câncer mais comum em homens e o sétimo em mulheres, além de ser um com os maiores índices de mortalidade. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Paulo Bittencourt, 62% dos diagnósticos já são realizados em estágio avançado, o que não permite o tratamento.
Bittencourt destacou que é fundamental o acompanhamento de pessoas com cirrose e hepatites para conseguir um diagnóstico precoce, e sugere outros protocolos a serem seguidos:
"Existe uma clara relação entre hepatites, cirrose e câncer do fígado, que requer a elaboração de uma linha de cuidado mais amplo. A confirmação de diagnóstico é muito simples, é feita por ultrassom, isso pode estar presente na atenção básica. O paciente com carcinoma hepatocelular deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar. O encaminhamento no prazo adequado é crucial para uma melhoria, um desfecho, uma melhoria da sobrevida, e a possibilidade de um tratamento curativo, que a gente possa mudar essa realidade perversa no nosso país."
O coordenador-geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Sandro José Martins, relatou os esforços do Sistema Único de Saúde para tentar garantir o diagnóstico e tratamento do câncer hepático; e para garantir que o padrão de atendimento aos pacientes do SUS seja o mesmo em todo o país:
"O tratamento do câncer no SUS ele é pensado, modelado, para ser oferecido à sociedade de maneira integral e integrado. Integral, no sentido que se deseja que todas as modalidades disponíveis de diagnóstico e tratamento sejam ofertadas de maneira tempestiva, às pessoas doentes. E integrado porque sabidamente não é possível imaginar que só um centro possa oferecer e deva oferecer todas as modalidades necessárias para o tratamento das neoplasias."
Os participantes da audiência também elogiaram o programa de acompanhamento das hepatites do Ministério da Saúde. Essas doenças podem ser um fator que desencadeia o câncer no fígado, e o seu controle ajuda na prevenção.