18/04/2018 21:23 - Economia
Radioagência
Conta de luz vai aumentar com venda da Eletrobras, dizem especialistas convidados pela oposição
A privatização da Eletrobras vai elevar a conta de luz dos consumidores brasileiros. Esta foi a principal constatação dos especialistas convidados a debater o projeto de desestatização da empresa energética (PL 9463/18), nesta quarta-feira (18).
A audiência foi realizada pela comissão especial da Câmara que analisa a proposta do governo. Mas os convidados desta quarta foram indicados pelos partidos contrários ao projeto do governo.
Para o ex-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, a tendência é que a Eletrobras privatizada passe a cobrar preços maiores do que os praticados hoje, que são limitados pela agencia reguladora.
"Nós vamos botar uma usina da Eletrobras nas mãos da empresa privada e ela vai ditar o preço. Ela vai igualar o preço da sua energia hídrica ao preço de térmica [...] É essa a realidade".
O economista do Dieese, Gustavo Teixeira, criticou a pulverização das ações da Eletrobras. O projeto do governo autoriza a privatização da empresa a partir da venda de novas ações que vão diminuir a participação da União na companhia, que hoje é de 64 por cento. Teixeira afirmou que a pulverização acionária submeterá a operação do setor elétrico ao ânimo do mercado financeiro, sem compromisso com um projeto de desenvolvimento do País.
Para a oposição, o debate desta quarta comprovou que o projeto do governo prejudica o País. O deputado Alessandro Molon, do PSB do Rio de Janeiro, disse que o Brasil está indo na contramão das nações onde a hidroeletricidade responde pela maior parte da matriz energética, como Estados Unidos e o Canadá.
"Nenhum país que tem uma planta elétrica como a brasileira bastante fundamentada em energia hidrelétrica faz ou fez o que se pretende fazer aqui no Brasil seria um caso único e um erro gravíssimo comprometendo o futuro do país".
O deputado Darcísio Perondi, do PMDB gaúcho, contestou a oposição. Para ele, a Eletrobras privatizada terá mais recursos para atuar, sem precisar de ajuda do governo.
"Vai dar poder de investimento para Eletrobras, que vai ficar nas mãos do governo, só que vai ter mais: investidores pequenos, grandes, médios, [...] e vai ter mais dinheiro para melhorar sua eficiência e eficácia e não pedir um 'vale' de 3, 4, 5 bilhões do Tesouro".
Na próxima semana, a comissão especial que analisa a privatização da Eletrobras vai realizar mais duas audiências públicas. A primeira deverá discutir a revitalização dos rios, um tema que vem ganhando destaque no debate sobre a venda das usinas hidrelétricas da estatal. No dia seguinte, haverá uma discussão sobre pesquisas em ciência e tecnologia no setor elétrico.