23/03/2018 19:19 - Meio Ambiente
Radioagência
Fórum Mundial da Água resulta em recomendações a serem seguidas pelos países participantes
A oitava edição do Fórum Mundial da Água aconteceu entre os dias 17 e 23 de março, em Brasília, e é considerada a maior da história do evento - com participação de mais de 100 mil pessoas de 170 países.
O objetivo foi promover um espaço de diálogo entre especialistas, organizações e autoridades para a troca de experiências e boas práticas relacionadas ao uso da água em seus diversos aspectos.
O debate também foi uma forma de fortalecer a participação política na discussão do tema e resultou em cinco declarações com recomendações a serem seguidas pelos países participantes.
Deputados de 19 nações assinaram o Manifesto dos Parlamentares. Uma das propostas que devem ser acompanhadas pelo Congresso Nacional é a de reconhecer, na Constituição brasileira, a água como um direito humano, conforme recomendado pela Organização das Nações Unidas.
Uma comissão externa da Câmara foi instalada para acompanhar o evento. O deputado Valdir Colatto, do PMDB de Santa Catarina, entende que o legado deixado pelo evento é uma maior conscientização sobre o assunto.
“Eu acho que é uma consciência mundial de que nós precisamos fazer alguma coisa e planejar como ter aí 7 bilhões e meio, daqui a pouco 9 bilhões de pessoas consumindo essa água, tendo necessidade direta ou indiretamente da água. Inclusive pela alimentação, que nós sabemos que, no mínimo, 70% são água. Então é um deslocamento de água da área rural para a área urbana e isso nós temos que ter consciência de que cada um tem que fazer a sua parte”.
Pela primeira vez o Fórum Mundial da Água aconteceu no Hemisfério Sul e contou com um espaço para a participação popular.
Mas além do fórum oficial, durante essa mesma semana, em Brasília, ocorreu em paralelo o Fórum Alternativo Mundial da Água. O Fama foi organizado por mais de 30 entidades ligadas aos povos e comunidades tradicionais, além de movimentos de mulheres, pescadores e população ribeirinha.
O posicionamento desse fórum é radicalmente contrário ao evento oficial. Durante a semana, seus participantes denunciaram que o Fórum Mundial da Água está comprometido com empresas que querem tratar a água como mercadoria. Contra a privatização da água, os participantes do Fama defendem o caráter público, comunitário e popular na gestão da água e saneamento, com o lema “Água é direito e não mercadoria”.
Coordenador da comissão externa da Câmara formada para acompanhar os fóruns oficial e alternativo, o deputado Nilto Tatto, do PT de São Paulo, falou da importância de o Parlamento estar atento às demandas dos dois eventos.
"É uma mobilização que não teve apoio. Você não teve empresas patrocinando, você não teve governo patrocinando. Inclusive no relatório final a gente vai levantar esses números. Parlamentares e o Congresso Nacional precisam estar atentos e ouvir essas vozes. Saíram muitas coisas importantes todos os dias sobre preocupação de denúncia e também de proposições para melhor uso adequado da água."
Segundo a organização do FAMA, passaram pelo evento mais de 7 mil pessoas, de diferentes países.
Já a próxima edição do evento oficial do Fórum Mundial da Água acontece em 2021, na cidade de Dakar, capital do Senegal.