21/02/2018 22:09 - Economia
Radioagência
Relator quer votar privatização da Eletrobras na comissão especial em abril, mas proposta enfrenta resistência da oposição
O relator da comissão especial que vai analisar a regulamentação da privatização da Eletrobras, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), quer votar o projeto no colegiado na primeira quinzena de abril. Segundo ele, a proposta tem como objetivo reestruturar a empresa e a transformar em uma grande corporação, de forma a melhorar sua gestão.
"A ideia é transformar a Eletrobras, de uma empresa falida, que tem ativos muito grandes, em um grande investidor brasileiro, num grande player estrangeiro, para absorver a retomada de crescimento econômico do Brasil."
José Carlos Aleluia propôs mudanças no texto encaminhado pelo Executivo. Entre elas, estão a manutenção do Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel) para incentivar pesquisas tecnológicas na área de energia elétrica. O parlamentar também prevê a criação de uma agência de fomento que auxilie a revitalização do rio São Francisco e incentive o desenvolvimento da região:
"O rio São Francisco tem características especiais, claramente perceptível que ele está em fase de quase morte, está agonizando, e para a nova Eletrobras e que interesse ao desenvolvimento no Nordeste, propomos a criação de uma agência capaz de revitalizar o rio e coordene o desenvolvimento da região."
Em setembro do ano passado, os nove governadores do Nordeste divulgaram carta contrária à privatização da Eletrobras. No documento, eles afirmam que o histórico de privatizações brasileiras sempre promete melhorar a qualidade e baratear as tarifas, "mas costumam levar a resultados insatisfatórios". Aleluia afirmou que a criação da agência vai ser de interesse para os governadores.
Já a coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Elétrico Brasileiro, deputada Erika Kokay (PT-DF), afirmou que ao vender a Eletrobras, o governo quer privatizar o próprio rio São Francisco:
"Se você vender a Eletrobras, está privatizando o próprio rio São Francisco. Quando falamos de hidrelétrica, falamos do controle da vazão dos rios. Então, o governo pode tentar inventar qualquer tipo de maquiagem sobre uma intenção que ele não consegue esconder que é a submissão ao capital estrangeiro."
Kokay criticou o governo por propor vender a empresa por um preço abaixo do que realmente vale:
"Ele (o governo) estabelece um prejuízo que não confirma. Estamos lidando com um setor que diz respeito à soberania energética. O governo não está preocupado com a Eletrobras, quer vender ativos que são avaliados em R$ 400 bilhões, ele quer vender por R$ 12 bilhões, e nos tornamos reféns dos chineses, que ganharão de bandeja a Eletrobras."
Na última segunda-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criou a comissão especial que vai discutir o tema. Este é o principal projeto do governo para gerar caixa. A abertura de capital e possível venda de ativos pode gerar até R$ 12 bilhões, o que pode ajudar a cumprir a meta de resultado fiscal.