13/12/2017 16:54 - Economia
Radioagência
Especialistas temem greve de caminhoneiros devido ao aumento do diesel
Representantes de transportadores, de postos de gasolina e os próprios deputados manifestaram preocupação com uma possível greve de caminhoneiros por causa do preço do diesel, em audiência da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara (13/12). De julho a dezembro, segundo os representantes dos postos, a Petrobras anunciou 110 ajustes nos preços da gasolina e do diesel, que acumulam aumentos de mais de 15%.
O deputado Tenente Lúcio (PSB-MG), um dos autores do pedido de audiência, disse que o governo tem que retornar com alguma política de subsídios que minimize as variações de preços internacionais para os consumidores:
"Porque o óleo diesel era bem mais barato que a gasolina e agora está aproximando. E eu não sei o que o governo ou o que a Petrobras está aguardando. Uma greve geral no País? O que que é? Porque, se nós não fizermos alguma coisa agora, lamentavelmente o País vai virar um caos."
O deputado Danilo Cabral (PSB-PE) lembrou que alguns brasileiros estão voltando até a usar lenha para cozinhar por causa dos aumentos do gás. Ele fez um desabafo, criticando a ausência de representantes do Ministério da Fazenda na reunião. A audiência teve a presença apenas do gerente de marketing da Petrobras:
"Não é só o sistema financeiro que tem direito a receber suas dívidas não. Onde é que está a dívida social? Eu sou verdadeiro e transparente nas minhas coisas. E o momento exige isso. O governo não está tendo respeito com o povo brasileiro. A presença de vossa excelência aqui, com todo o respeito a vossa excelência, é um desrespeito a essa Casa e ao povo brasileiro."
Paulo Miranda, da Fecombustíveis, que representa os postos, criticou a alta carga tributária dos combustíveis, que representaria 44% do preço da gasolina. Ele reconheceu, porém, que esta é uma das principais fontes de arrecadação dos estados. Tanto Miranda quanto o representante da Confederação Nacional dos Transportes, Ari Rabaiolli, disseram que só sentem ajustes de preços para cima. Ou seja, não são beneficiados por quedas dos preços praticadas por produtores e importadores junto às distribuidoras.
Rabaiolli sugeriu que a Petrobras faça repasses de três em três meses ou que crie um gatilho para os aumentos. Segundo ele, a política atual impede planejamentos de longo prazo no setor de transportes. 61% das cargas do país são transportadas por rodovias.
O gerente de marketing da Petrobras, Flávio Tojal, explicou que o aumento das contribuições sociais sobre o setor, em julho, teve um grande impacto nos preços (Decreto 9.101/17). Segundo ele, caso isso não tivesse ocorrido, as altas e baixas dos preços internacionais desde outubro de 2016, quando a Petrobras começou a anunciar flutuações diárias de preços, apontariam para uma estabilidade dos valores.
Tojal disse os distribuidores também deveriam ser chamados para as reuniões porque a relação que a Petrobras tem com eles não deveria ser a mesma que eles têm com os postos:
"A relação comercial da distribuição com a revenda e consumidor final é um outro tipo de relação que não necessariamente tem que seguir uma lógica de reajustes diários. Eu acho que isso pode mudar com o amadurecimento do mercado ou pode mudar com a própria competição e a criação de instrumentos que consigam mitigar para revendas e transportadoras as flutuações de câmbio e cotações de derivados."
Apenas três distribuidoras detêm 75% do mercado. Flávio Tojal lembrou ainda que somente 29% do preço final da gasolina vem da Petrobras, embora ela seja responsável por 51% do preço do diesel.