Radioagência

Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção defende Operação Lava-Jato permanente e ação integrada dos órgãos públicos. Em meio aos debates em torno do Dia Internacional Contra a Corrupção, em 9 de dezembro, o deputado Antônio Carlos Mendes Thame, do PV paulista, afirmou, em entrevista à Rádio Câmara, que o efetivo combate ao desvio de dinheiro público demanda ações contínuas e integradas nas três esferas de poder. Thame cobra mais rapidez nas decisões do Judiciário; comissão permanente no Legislativo para analisar as centenas de propostas que tratam do tema; e fortalecimento dos órgãos do Executivo de combate à corrupção, como a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

"Para mudar isso, tem que haver um choque, um choque de gestão. A corrupção é hoje um dos poucos temas em que há unanimidade contra. Talvez não precisasse nem dessas reformas, se nós atacássemos a grande sonegação, o desvio de recursos por aqueles que têm a obrigação de defender o erário e não atacar o erário. A maioria acha que a Lava-Jato deve continuar. Para que ela continue permanentemente, nós teríamos de ter, pelo menos na Câmara dos Deputados, uma comissão que permanentemente analisasse esses projetos".

Segundo Mendes Thame, algumas ações ainda são isoladas. Ele avalia que operações conjuntas trazem resultados mais positivos e rápidos no combate à corrupção. O deputado também cobra mudança de comportamento da população em geral.

"Há necessidade de mudança de cultura. Nós aceitamos a corrupção. A verdade é essa. Começamos com pequenas coisas: 'ele rouba, mas rouba pouco', 'ele rouba, mas faz', 'justamente agora, que a economia está melhorando, vai trocar de novo o presidente'. E dessa forma, nós estamos transformando o Brasil em uma imensa casa de tolerância, uma casa de conveniência, uma casa de aceitação da corrupção como um mal menor. Na verdade, a corrupção é um mal maior. É preciso chegar ao momento em que ser honesto é uma coisa tão natural quanto respirar".

Mendes Thame também concordou com recente discurso da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em apoio aos instrumentos jurídicos da delação premiada, do acordo de leniência e da prisão após condenação em segunda instância. O deputado é autor de um projeto de lei (PL 8727/17) que resgata a maioria das medidas de combate à corrupção sugeridas pelo Ministério Público, mas não plenamente acatadas pela Câmara. Entre elas, estão a tipificação do crime do enriquecimento ilícito; a prisão preventiva para assegurar a devolução de dinheiro desviado; e facilidades para a denúncia de atos de corrupção.