28/11/2017 17:54 - Política
Radioagência
Joesley Batista se recusa a responder perguntas na CPMI da JBS e na CPI do BNDES do Senado
Durante cerca de quatro horas o empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F, se recusou a responder às perguntas dos deputados e senadores da CPI Mista da JBS e da CPI do BNDES do Senado.
Joesley e o irmão dele, Wesley Batista, estão presos, suspeitos de usar informações privilegiadas para obter lucro com compra de dólares e venda de ações da própria JBS antes da divulgação do acordo de colaboração que fizeram com o Ministério Público.
Os dois, assim como o ex-diretor da JBS Ricardo Saud, perderam os benefícios legais de sua delação, entre os quais a imunidade penal, depois de acusados de omitir informações ao Ministério Público.
Em gravações feitas aparentemente por acidente, Joesley e Saud davam a entender que receberam informações privilegiadas de integrantes da equipe do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot, antes da formalização dos acordos.
Eles mencionaram principalmente o ex-procurador Marcelo Miller, que deixou o Ministério Público para advogar para a JBS.
Miller presta depoimento nesta quarta à CPI, amparado por uma decisão judicial que dá a ele o direito de permanecer calado.
Joesley Batista se recusou a responder perguntas sobre Miller e sobre como foi feito o acordo de colaboração. Também não respondeu sobre o pagamento de propina a agentes políticos em troca de financiamentos do BNDES a suas empresas, crime que já havia confessado em sua delação.
O deputado Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, chegou a perguntar se ele se arrependeu de ter feito o acordo, mas o empresário mais uma vez não quis responder.
IZALCI - Vossa Senhoria também acha que foi penalizado pelo Ministério Público? Só para saber se foi justo ou não, se Vossa Senhoria faria novamente essa mesma delação, sim ou não?
JOESLEY - Eu me mantenho em silêncio, senhor.
O relator da CPI, deputado Carlos Marun, do PMDB do Mato Grosso do Sul, sustenta que Joesley Batista foi induzido a delatar crimes por interesses políticos e financeiros de membros do Ministério Público.
O acordo de colaboração feito pelos controladores da JBS embasou, por exemplo, denúncias contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.
Diante da falta de respostas, Marun disse que Joesley foi cooptado em troca de benefícios legais.
MARUN - "Eu acho que o senhor não é tão bandido quanto o senhor confessa ser, sinceramente. Empresário arrojado, investimentos importantes para o País. Mas o senhor, chegou num momento em que o senhor, que era um mafiosozinho de terceira categoria, resolveu achar que era o Al Capone. E aí o senhor foi lá e confessou e falou coisas, cooptado por esta ideia de correr logo para os Estados Unidos. É essa a minha impressão".
A posição de Marun não é consensual na CPI. O deputado João Gualberto, do PSDB da Bahia, acusa a comissão de querer investigar o Ministério Público e não o pagamento de propina a políticos.
As críticas fizeram com que o presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira, do PSDB do Tocantins, anunciasse que vai colocar em votação requerimentos de convocação de políticos como o ex-presidente Lula e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que foi presidente do Conselho de Administração da JBS.