18/10/2017 20:36 - Política
Radioagência
CCJ aprova relatório e recomenda arquivamento de denúncia contra Temer e ministros
Por 39 votos a 26 e uma abstenção, a CCJ aprovou, nesta quarta-feira (18), o relatório do deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB mineiro, que não aceita a denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, acusados de organização criminosa e obstrução de justiça. A votação foi integral e não fatiada, como queria a oposição, a fim de analisar os casos de Padilha e Moreira separadamente. Antes da votação, Bonifácio de Andrada fez defesa enfática de seu relatório, repetiu o argumento de falta de provas contra Temer e rebateu as críticas em tom de desabafo.
"Eu sou relator. Não sou líder do governo, não. E como relator de uma Comissão de Constituição e Justiça, eu tenho que agir de acordo com as exigências de ordem jurídica. Essa peça contra o presidente da República não pode ser uma denúncia que tenha a nossa admissibilidade por falta de elementos".
Para tentar mudar a tendência de vitória governista, o deputado Júlio Delgado, do PSB mineiro, chegou a exibir um vídeo com trecho da delação do doleiro Lúcio Funaro, incriminando Temer em organização criminosa.
- Funaro: "O dinheiro vivo chegando na minha mão, eu distribuía para quem eu tinha que pagar. Nesse caso, era o Eduardo Cunha, que fazia o repasse para quem era de direito dentro do PMDB".
- Procuradora: "Que eram?"
- Funaro: "Henrique Alves, Michel Temer e a bancada, que a gente chamava de 'bancada do Eduardo Cunha'."
As defesas dos três acusados também se manifestaram. O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, tentou desqualificar a denúncia do ex-procurador Rodrigo Janot.
"A delação de Lúcio Funaro é devastadora mesmo, excelências, porque ela deixa muito evidentes os métodos sórdidos utilizados pelo ex-procurador da República e seus pupilos, que conduziram esse processo para a obtenção daquela delação".
PMDB, DEM, PTB, PP, PR, PSD, PRB, SD, PSC e Pros encaminharam votos favoráveis a Temer na CCJ. Já PT, PSB, PDT, PC do B, Psol, PPS, Podemos e Rede foram contra e ainda denunciaram os governistas de compra de votos. Com divisões internas, o PSDB e o PV liberaram os deputados a votar como quisessem. Superada a análise da CCJ, a palavra final sobre a continuidade ou não da investigação de Temer, Moreira e Padilha caberá ao Plenário da Câmara, em votação que deve ocorrer na próxima semana. O novo líder do PSB, deputado Júlio Delgado, ainda acredita na reversão do atual quadro pró-Temer.
"No Plenário, o deputado votará com a sua consciência e lá não dá para modificar membros. Três por cento é o índice de aprovação do governo Temer. O Brasil está de olho e vamos, no Plenário, colocar os 342 votos para que Temer seja investigado".
Já o vice-líder do governo, deputado Beto Mansur, do PRB paulista, está confiante em vitória também no Plenário, sobretudo com o argumento de sinais positivos na economia do país.
"Nós precisamos modernizar o nosso país e é isso que vamos fazer ao longo desse ano, porque Michel Temer vai permanecer no mandato e fazer as reformas necessárias para o Brasil".
Essa é a segunda vez que a Câmara analisa denúncia contra o presidente da República por crime comum. No início de agosto, a Casa determinou o arquivamento da acusação de corrupção passiva de Temer, também feita pela Procuradoria Geral da República.