11/10/2017 16:36 - Direito e Justiça
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A Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres debateu a situação das meninas de dez anos de idade por meio do relatório "Situação da População Mundial 2016", do Fundo de População das Nações Unidas. A representante do fundo, Fernanda Lopes, explicou que a idade de dez anos foi escolhida porque seria a partir desta faixa que a qualidade dos apoios recebidos pelas meninas terá um grande impacto para o futuro da população:
"Estas meninas que em 2015 tinham dez anos; em 2030, terão 25. Se nós fizermos os investimentos corretos, elas estarão prontas para educar uma nova geração com outros elementos, com outros valores. Elementos e valores que terão sido construídos e consolidados se elas tiverem mais oportunidades de serem mantidas na educação formal."
Fernanda disse que existem cerca de 60 milhões de meninas com dez anos, a maior parte em regiões menos desenvolvidas do mundo. As escolhas que são feitas para elas podem obrigá-las a largar a escola, casar muito cedo e a trabalhar antes da idade madura. De acordo com Fernanda Lopes, se os jovens que nem estudam nem trabalham são cerca de 20%; a maior parte deste contingente é de mulheres. No trabalho doméstico, elas vão dedicar 30 horas semanais em média. E, mais tarde, enfrentarão uma diferença de rendimentos com os homens de 34%.
Ela disse ainda que, no Brasil, 66 mil meninas entre 10 e 14 anos estão em uma situação de casamento, muitas com filhos.
Para a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), o governo brasileiro não vem contribuindo para a melhora da situação das meninas:
"O governo Temer reduziu 35% os recursos para as políticas de direitos humanos, 54% os recursos para as políticas de autonomia das mulheres e 61% nas políticas para atendimento de mulheres violentadas. Na educação, a Escola sem Partido e o que os fundamentalistas apelidaram de 'ideologia de gênero' promove a opressão das meninas, mulheres, e de todos aqueles que não se enquadram no padrão da sociedade hetero-normativa".
Ana Lúcia Monteiro, representante da ONU Mulheres Brasil, mostrou os diversos programas da entidade para empoderamento das mulheres. Ela ressaltou que, na adolescência, as meninas precisam ser apoiadas para não se recolherem de alguma forma. Segundo ela, por exemplo, cerca de 49% abandonam os esportes nesta faixa etária.
Julieta Jacob divulgou o trabalho da Escola de Ser com o livro "Princesa de Capa. Herói de Avental", um método utilizado para discutir as mensagens que os contos de fada transmitem para meninas e meninos. O trabalho está disponível na internet em escoladeser.org.br.
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