20/09/2017 17:54 - Administração Pública
Radioagência
CPMI da JBS aprova convocação de ex e atuais integrantes do MPF
A CPI mista da JBS aprovou plano de trabalho do relator, deputado Carlos Marun, do PMDB do Mato Grosoo do Sul, em meio a críticas à prioridade dada por ele à convocação de integrantes e ex-integrantes do Ministério Público Federal.
O plano de trabalho prevê que a comissão comece ouvindo atuais e ex-procuradores do Ministério Público Federal que atuaram nos acordos de delação e leniência assinados pela JBS.
Em seguida viriam sócios, conselheiros, diretores, funcionários e ex-funcionários da JBS e da holding J&F, bem como do BNDES e do BNDES-PAR, o braço de participações do BNDES, que financiou o grupo até que ele se tornasse o maior do mundo no setor de proteína animal.
Depois disso, seriam convocadas pessoas que participaram dos acordos, como advogados; funcionários do BNDES que participaram das operações de crédito, autoridades e funcionários do sistema de inspeção sanitária animal.
Só depois seriam ouvidos agentes públicos e privados que participaram dos atos investigados.
A prioridade dada à convocação de integrantes do Ministério Público e a ausência de agentes políticos da lista de prioridades do relator foram criticadas por integrantes da CPMI, como o deputado João Gualberto, do PSDB da Bahia.
"Para minha surpresa aqui, o relator coloca: as primeiras pessoas que têm que ser ouvidas são o Ministério Público, Polícia Federal. Quer dizer: confirma a suspeita que está na imprensa, que esta CPI é apenas para constranger o Ministério Público".
O deputado Delegado Francischini, do Solidariedade do Paraná, um dos sub-relatores da comissão, defendeu a convocação apenas de membros do Ministério Público que estejam sob suspeita.
"Eu acho que nós temos que ouvir membros do Ministério Público que estejam em investigação e não abrir este leque para que esta CPMI pareça perseguição. Eu sou contra a convocação do ex-procurador Rodrigo Janot. Eu acho que ele tem que vir convocado no momento em que nós identificamos que ele pode colaborar. Até o momento eu não vejo nenhum crime cometido pelo ex-procurador Rodrigo Janot".
Antes do início da reunião, Marun defendeu a convocação do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot.
Ele justificou a convocação de membros do Ministério Público ao afirmar que os acordos de delação premiada e de leniência são alguns dos casos a serem investigados, de acordo com o requerimento de criação da comissão.
"Nós estamos aqui para fazer o que a CPI nos autorizou a fazer. E a CPI nos autorizou, sim, a investigar as circunstâncias desse acordo, que a imprensa brasileira imediatamente chamou de escandaloso, nunca visto, inédito nos benefícios concedidos aos delatores. Quem acha que não deve talvez não devesse estar realmente na CPI".
A CPI volta a se reunir nesta quinta-feira para votar 118 requerimentos. Entre eles estão os pedidos de convocação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, assim como de executivos do grupo J& F.
Também podem ser votados os requerimentos de convocação de Rodrigo Janot e do ex-braço direito dele na Procuradoria, Eduardo Pelella, assim como do ex-procurador Marcelo Miller e do procurador Angelo Goulart Villela, os dois últimos investigados por suposta atuação a favor da JBS quando faziam parte da equipe de Janot.
Ficaram de fora da pauta de votações da CPI requerimentos que pediam a convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ex-presidente Dilma Rousseff, do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e do atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles.