05/09/2017 17:40 - Política
Radioagência
Rodrigo Maia diz acreditar que omissões colocam em dúvida delação da JBS
As suspeitas de que os executivos do grupo JBS omitiram informações na delação premiada e de que foram favorecidos pelo ex-procurador Marcelo Miller - ex-braço direito do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot - foram recebidas com cautela no Congresso.
Nesta terça (5), antes de participar, na Câmara, da cerimônia de sanção da lei que prevê o financiamento dos bancos públicos às Santas Casas, o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, disse que a conversa entre o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud gera dúvidas em relação ao acordo de delação premiada celebrado pelo Ministério Público.
Maia disse ainda ter certeza de que Rodrigo Janot vai adotar medidas firmes contra os delatores da JBS, caso sejam comprovadas irregularidades.
"É surpreendente, sem dúvida nenhuma. Gera algumas dúvidas em relação à delação da JBS e a relação que o ex-procurador Marcelo construiu com alguns escritórios de advocacia e com algumas empresas. Acho que isso é importante, que a sociedade, ao mesmo tempo em que apoia as investigações contra o presidente da República, ela também quer ver uma investigação mais firme contra os donos da JBS".
Maia também disse não acreditar no envolvimento de ministros do Supremo Tribunal Federal em qualquer irregularidade e classificou eventuais menções a ministros como "conversas entre dois irresponsáveis que querem exibir uma intimidade que não têm" com os membros da Corte.
Deputados da base governista, que aguardam, para os próximos dias, mais uma denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, pediram rigor na apuração.
O deputado Sóstenes Cavalcante, do Rio de Janeiro, vice-líder do Democratas, elogiou o fato de Janot ter admitido a possibilidade de irregularidade no processo de delação dos executivos da JBS e defendeu que provas comprovadamente infundadas não sejam usadas no processo.
"Lógico que há um devido processo, uma instrução processual, que deve ser muito bem acompanhada, não só pela procuradoria, como por todos os entes da federação, em especial do nosso Judiciário, para que realmente provas infundadas não sirvam de elementos probatórios contra pessoas deste país. Agora, todas as provas que realmente tenham sua fundamentação, nós não queremos também impunidade da invalidação das mesmas".
Já a oposição considera que, mesmo que fique comprovada a omissão da JBS e o envolvimento do braço direito de Janot no processo de delação premiada de Joesley Batista, isso não anula as provas e indícios contra o presidente Michel Temer.
Para o deputado Henrique Fontana, do PT do Rio Grande do Sul, que é vice-líder da Minoria, o que dá veracidade a uma delação é o conjunto de provas e não apenas alguma falha na delação.
"Os aliados de Temer se apressam sempre em tentar retirar a credibilidade, tanto do procurador geral da República como dos delatores. O Joesley é um grande criminoso, agora os fatos que ele tem relatado, todos eles estão se confirmando com provas robustas. Por exemplo, a mala de dinheiro que saiu de dentro daquela pizzaria, na mão de um deputado federal que é da estrita confiança de Michel Temer, isso não muda em nada".
O presidente em exercício da Câmara, deputado André Fufuca, do PP do Maranhão, não quis comentar as suspeitas sobre a delação premiada de Joesley Batista e disse que o caso diz respeito à Procuradoria Geral da República.