18/08/2017 15:52 - Saúde
Radioagência
Especialistas em odontologia alertam sobre importância de diagnóstico preciso para quem sente dores na face
Especialistas da área da odontologia alertam para a importância de diagnóstico específico para pessoas que sentem dores na face. Falta de profissionais capacitados para identificar casos de disfunção temporomandibular foi tema de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara (17/08).
Sensação de fadiga e cansaço nos músculos da mastigação, dores na cabeça, ao lado dos olhos (região temporal), dificuldade de se alimentar com alimentos mais duros, sons na articulação ao abrir e fechar a boca e ameaças de travamento da mandíbula são os principais sinais e sintomas da DTM, disfunção temporomandibular, que chega a atingir 30% da população.
Mas os especialistas relatam que é comum o diagnóstico incorreto dos pacientes, como explica o representante da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, que tem 20 anos de experiência na área, João Henrique Padula.
"Custos para o Governo Federal, custos para o paciente, mas o principal custo é a evolução da doença do paciente para a dor crônica. Esse é o principal problema. O fato de ele continuar com muita dor durante muito tempo altera o sistema nervoso central do paciente, eles adquirem uma outra doença que a gente chama de dor crônica, e esse tratamento passa a ser de outra maneira"
O problema é causado pela falta de profissionais capacitados em diagnosticar a DTM. Roberto Brígido, Cirurgião-Dentista especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, relata que a especialidade é muito recente: foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2002, e por isso ainda é pouco difundida para os dentistas de uma forma geral.
Hoje, há no Brasil aproximadamente 240 mil dentistas, mas apenas mil profissionais têm especialidade e capacitação para diagnosticar a doença.
Segundo Simone Carrara, também especialista, o tratamento adequado pode dar mais qualidade de vida a essas pessoas.
"A pessoa que está tratando errado, ela está faltando emprego, ela está tomando medicamento (...) eu tenho paciente que toma de 10 a 12 analgésicos por dia durante 30 anos da vida. Que vida? Eu nem chamo mais de vida. E está indo no médico, recebe uma informação, vai para o neurologista, vai pro ortopedista e não está tratando. A gente (especialistas) entra com o tratamento e mais de 90% das pessoas passa a não precisar de analgésicos, por exemplo. É disso que a gente está falando e o volume é absurdo."
Ainda segundo Simone Carrara, hoje, cerca de 20% da população precisa do tratamento, mas somente 0,03% trata o problema.
A representante do Ministério da Saúde, Caroline Martins, concorda que a disfunção ainda é desconhecida na rede de saúde e por parte dos profissionais, mas relata que quando a população sente algum incômodo ou desconforto, ela pode buscar uma das 24 mil equipes de saúde bucal. Segundo Caroline, essas equipes cobrem quase metade da população (40%) e podem ser encontradas nos centros de sáude; são compostas por cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em saúde bucal.
O deputado Zé Augusto Nalin, que presidiu a audiência, chamou a atenção para avanços do prontuário eletrônico único de saúde, que também poderá ajudar no diagnóstico adequado para os casos de disfunção temporomandibular. Ele destacou que é preciso discutir mais o assunto e sugeriu à Comissão de Seguridade Social e Família a realização de outra audiência com a participação também de representantes da área de tecnologia do Ministério da Saúde e dos planos de saúde suplementar.