17/08/2017 20:00 - Política
Radioagência
Internautas questionam relator da Reforma Política sobre uso de dinheiro público nas eleições
Em bate-papo online com o relator da Reforma Política, deputado Vicente Candido (PT-SP), internautas questionaram o uso de dinheiro público nas eleições. O parecer de Candido que está sendo analisado pelo Plenário da Câmara prevê a criação do Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que contará com 0,5 % da receita corrente líquida da União, cerca de 3,6 bilhões de reais no ano que vem.
A medida tem gerado polêmica e Candido já admite a possibilidade de retirar esse percentual do texto. No bate-papo on line, internautas perguntaram de onde viria o dinheiro para o fundo e por que financiar campanhas com dinheiro do orçamento que poderia ir para outras áreas. Vicente Candido considera que a população está confusa e que uma pesquisa de opinião provavelmente revelaria que as pessoas são contra o financiamento privado por conta das denúncias da Operação Lava Jato e também contra o financiamento público.
"R$ 3,5 bilhões é muito caro? Para o momento que estamos vivendo, qualquer dinheiro é caro, por isso exige sensibilidade e cuidado especial de quem vai aprovar a norma e de quem vai usar esses recursos, mas num momento de normalidade e de crescimento econômico, isso é muito mais barato do que qualquer Lava Jato. Nada mais caro para um país que uma Lava Jato. Quantos milhões de desempregados temos hoje no país? Quantas empresas estamos perdendo? É essa conta que precisamos fazer. Nada é mais caro que um escândalo e o Brasil não aguenta mais um escândalo tipo a Lava Jato"
Vicente Candido também ressaltou que o modelo predominante em todo mundo é o financiamento público de campanhas. O deputado Celso Pansera (PMDB/RJ), integrante da Comissão especial da Reforma Política, também participou do debate com internautas. Pansera disse ser favorável ao financiamento por empresas, mas como esse modelo foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal, não restou alternativa ao legislador. Ele reconhece que o Congresso deve adotar determinadas medidas "antipáticas" que não agradam o senso comum. Quando questionado por um internauta, se não haveria ainda a alternativa das doações de pessoas físicas, Pansera respondeu que, por questões culturais, essas doações não ocorrem.
"E aí, o que vai acontecer é que as pessoas vão recorrer ao caixa 2 para financiar suas campanhas e aí esse ciclo não vai encerrar de ficar questionando o mandato dos políticos porque a forma que ele financiou sua campanha foi ilegal. Nós queremos caminhar para uma nova política, uma nova forma de organização e uma nova representatividade sem questionamento e, neste momento, precisamos que as pessoas entendam que precisamos gastar um pouco de dinheiro público para que tenhamos de fato o início de caminhar para uma nova política"
O videochat é uma iniciativa da Coordenação de Participação Popular, ligada ao Departamento de Relações Públicas e Divulgação, em parceria com o portal E-Democracia da Câmara. A íntegra do bate-papo pode ser assistida no canal da Câmara no You Tube.