03/08/2017 17:14 - Política
Radioagência
Resultado da votação da denúncia contra Temer repercute entre base aliada e oposição
Um dia após a decisão da Câmara dos Deputados de negar autorização para que o Supremo Tribunal Federal analise denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, por crime de corrupção passiva, base aliada e oposição avaliaram de forma diferente o cenário político.
Para os aliados do Planalto, a partir de agora o governo se fortalece para aprovar as reformas, com destaque para a da Previdência (PEC 287/16). Já a oposição entende que Temer sai enfraquecido, por ter perdido votos na base de apoio. A diferença entre os que rejeitaram a denúncia e defenderam seu prosseguimento foi de apenas 36 votos.
O primeiro-vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), afirmou que não é o momento de retaliar nenhum aliado do governo que votou favorável à denúncia, mesmo entre os do PMDB, partido de Temer.
"Votaram por um projeto de governo, e o projeto desse governo é o projeto das reformas. E para ter reformas, precisa de todos e não pode retaliar ninguém. O presidente Temer tem habilidade e por isso ele está lá; ontem teve uma votação brilhante."
Vice-líder do DEM, o deputado Pauderney Avelino (AM) reconheceu que é preciso um maior diálogo com a base aliada.
"O trabalho precisa ser feito, sim, diariamente, mas o Temer, como nenhum outro presidente, conhece a Casa e sabe como agir, e para ele foi uma grande vitória."
O deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo, defendeu mais diálogo.
"Não diria que o governo saiu menor, nós tínhamos uma previsão de 280 votos, tivemos 263, saímos muito bem desse processo e a base está consolidada em 263 parlamentares, mas pode aumentar, até porque temos o objetivo específico de resolver o problema econômico do Brasil, retaliar a ou b para mim é uma coisa pequena."
Por sua vez, o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o resultado da votação sinaliza para uma manutenção da instabilidade política no País.
"Perde força, contabilizavam, pelas planilhas que faziam no Plenário, 302 votos e terminou com 263, porém a sinalização para o futuro é de instabilidade política, de diminuição da base do governo e sem condições nenhuma, parece que estão no mundo da lua, a essa altura do campeonato falar de Reforma da Previdência é como se não estivesse lendo a realidade, a conjuntura política da Câmara."
Vice-líder da Minoria, o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), afirmou que o governo agiu de forma truculenta para conseguir a vitória e acabou terminando com uma derrota política.
"Teve é um governo moribundo. É impossível o governo aprovar a Reforma da Previdência, a forma como ele construiu essa vitória foi uma coisa inusitada. Os 12 ministros vieram não apenas para votar, vieram para fazer fisiologismo explícito."
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que Temer ofereceu emendas, cargos e refinanciamento de dívidas de setores econômicos a fim de continuar no cargo, e mesmo assim, o resultado foi insuficiente.