12/07/2017 18:53 - Política
Radioagência
Condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro repercute na Câmara
Vários deputados da oposição criticaram na Câmara a sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os petistas, a decisão é uma tentativa de tirar Lula da sucessão presidencial em 2018.
Para Wadih Damous, do PT do Rio de Janeiro, a sentença de Moro não causa surpresa, mas indignação, por interferir no jogo político, no momento em que a Câmara avalia a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.
"Sérgio Moro, como é de praxe na sua atuação, vai em busca dos holofotes, da celebridade. Vai em busca de interferir no jogo político e profere essa sentença absolutamente lamentável, uma sentença nula, uma sentença atentatória ao direito."
O líder da Minoria, José Guimarães, do PT cearense, o Brasil não aceitará a saída de Lula da disputa eleitoral, que poderia acontecer se houver condenação em segunda instância.
"Querem interditar, vão quebrar a cara porque este País não aceita. Tirar o Lula da disputa de 2018 é mais um golpe. Não vamos aceitar isso, o Brasil não vai aceitar isso. Até porque vamos separar as coisas. Vamos analisar os crimes de cada um. O que está sendo imputado ao Lula é através de uma delação, não tem prova, não tem nada."
Durante debate na Comissão de Constituição e Justiça sobre a denúncia contra Temer, a vice-líder da Minoria Jandira Feghali, do PCdoB do Rio de Janeiro, afirmou que a condenação de Moro não tem sustentação.
"É uma condenação sem qualquer prova. As condenações baseadas em ilações e convicções não convencem nem a sociedade brasileira, nem a nós. Todo respeito ao presidente Lula que voltará, sim, eleito pelas urnas desse País."
O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, de São Paulo, afirmou que a decisão de Moro não tem cabimento.
"O que se tenta, no nosso modo de ver, é simplesmente excluir o presidente Lula, que hoje é o primeiro colocado em todas as pesquisas para presidente da República de 2018, das próximas eleições. É na verdade uma decisão política que tem de ter o repúdio do povo brasileiro porque ela atropela a democracia."
Zarattini convocou a população a protestar contra a decisão em frente a fóruns pelo País.
Por outro lado, deputados de diferentes partidos, a maioria da base do governo, elogiaram a decisão do juiz Sergio Moro.
Para o líder do DEM, Efraim Filho, da Paraíba, a condenação foi técnica.
"O importante é que se tenha argumentos sólidos para afastar a defesa de perseguição política, que é o que sobra para quem é declarado culpado. Uma decisão com essa robustez, baseada na lei, nos fatos e nas provas, é o que a sociedade brasileira esperava."
Segundo Efraim Filho, há bastante tempo hábil para uma eventual condenação em segunda instância do ex-presidente Lula, o que o tornaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10).
Segundo o vice-líder do PMDB Mauro Pereira, do Rio Grande do Sul, Moro tem feito um excelente trabalho.
"Gostaria de pedir à bancada do PT, agradecer a Fachin que retirou uns processos de Lula da mão do Moro, do irmão do Lula e do filho do Lula. Se ficar na mão do Moro daqui a pouco para encontrar a família do Lula, não sei onde vai encontrar. A justiça está sendo feita e, nesse momento, o povo brasileiro deve estar soltando foguete aí."
Daniel Coelho, do PSDB pernambucano, criticou os discursos dos deputados petistas.
"Para eles têm prova de crime contra todo mundo. Aí quando é contra o PT e contra Lula, aí eles não admitem as provas. A Justiça brasileira está funcionando. E o que quero que aconteça e o que quer toda a sociedade brasileira é que a justiça seja aplicada para absolutamente todos."
Flavinho, do PSB paulista, aplaudiu em Plenário a condenação de Lula.
"Que seja o caminho aberto nessa mata fechada da injustiça do nosso País, que agora vão entrar outros de fila indiana com algema na mão e indo para o caminho que tem que ir, que é a cadeia. E pagar pelos seus crimes."
A sentença do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, em Curitiba, foi dada no processo que tratou da compra e reforma de um apartamento triplex em Guarujá, litoral de São Paulo.
O ex-presidente Lula poderá recorrer em liberdade da condenação a nove anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.