01/06/2017 14:23 - Meio Ambiente
Radioagência
Debatedores defendem rejeição de projeto que permite fabricação de veículos leves movidos a diesel
Participantes de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável defenderam a rejeição de projeto de lei (PL 1.013/11) que permite a venda de carros de passeio movidos a diesel no Brasil. A proposta está sendo analisada em uma comissão especial da Câmara, onde o relator, deputado Evandro Roman (PSD-PR), recomenda a aprovação do texto.
Roman foi à audiência pública e explicou sua posição:
"Então, nesta linha do respeito à Constituição, o artigo 5º diz que você tem o direito de escolha. E o Brasil é o único país do mundo que não tem este direito do carro a diesel. Então, na América do Sul, na América Latina, em todo o mundo; o único país que não dá este direito de escolha do veículo a diesel é o Brasil."
Segundo Roman, a tecnologia atual tornou o diesel bem menos poluente que a gasolina.
Mas a representante do Ministério do Meio Ambiente, Letícia de Carvalho, disse que, embora emitam menos gás carbônico, veículos movidos a diesel liberam no ambiente óxidos de nitrogênio em concentração muito alta, além de material particulado fino. Segundo ela, este material entra mais fácil no organismo, causando muitas doenças.
Miguel Ivan de Oliveira, do Ministério de Minas e Energia, disse que os países que usam diesel em carros pequenos estão revendo a sua política por causa dos efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde das pessoas:
"O diesel só é mais barato porque ele tem um subsídio comparado com os outros tipos de combustíveis. E isso ocorre para a comida chegar mais barata no prato. Nenhuma montadora no Brasil se arriscaria a vender um carro que tem que acabar em dez anos. Que está em extinção. Isso só seria para o carro importado. Esse carro importado geraria empregos lá no país de primeiro mundo até o payback (retorno de investimento) da fábrica vencer e aí não exportaria mais."
Miguel defendeu o caminho atual do Brasil em direção aos investimentos em biocombustíveis. Esta política, segundo ele, fará com que o país contribua para a meta da Conferência do Clima de Paris de reduzir em até 43% a emissão de gases de efeito estufa até 2030.
Davi Martins, do Greenpeace, disse que os cenários para o futuro apontam para o uso de carros híbridos, movidos a eletricidade e biocombustível, ou totalmente elétricos.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) criticou o fato de o projeto estar sendo examinado por uma comissão especial criada pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, após ter sido rejeitado pela Comissão de Meio Ambiente, do qual é presidente:
"A linha que está indo o relatório deste projeto lá na comissão especial é completamente contra aquilo que o Brasil assumiu de compromissos internacionais, seja nos objetivos do desenvolvimento sustentável, seja na agenda do clima; como também daquilo que estão indo os demais países do ponto de vista de investimentos, tecnologia e inovação."
O projeto que autoriza a venda de carros a diesel no Brasil estava sendo analisado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, quando foi criada a comissão especial em 2015 e alterou a sua tramitação.