24/05/2017 19:02 - Segurança
Radioagência
Temer aciona Forças Armadas após depredação em ministérios
Depois de uma marcha pacífica em Brasília do estádio Mané Garrincha até o gramado em frente ao Congresso Nacional, a manifestação organizada pelas centrais sindicais que pediu a saída do presidente Michel Temer, o fim das reformas trabalhista e previdenciária e eleições diretas; foi interrompida rapidamente pela ação de alguns grupos de mascarados que passaram a provocar a Polícia Militar, que reagiu com spray de pimenta, gás lacrimogênio e balas de borracha.
Por conta do conflito entre estes grupos e os policiais, que acabou em quebradeira nos ministérios, o presidente Michel Temer editou decreto determinando que as Forças Armadas garantam a lei e a ordem no Distrito Federal até o dia 31 de maio.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, explicou assim a decisão de Temer:
"O senhor presidente da República decretou, por solicitação do senhor presidente da Câmara, uma ação de Garantia da Lei e da Ordem. O senhor presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável a baderna, que é inaceitável o descontrole, e que ele não permitirá que atos como esse venham a turvar um processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições"
Os deputados da oposição condenaram o decreto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, negou que tivesse solicitado o uso das Forças Armadas:
"A decisão de como o governo vai garantir a ordem e a segurança das pessoas é uma decisão do governo não é minha. Mas que se pelo menos o governo pudesse restringir o seu decreto ao dia de hoje, garantiria uma tranquilidade ao Parlamento na relação entre as instituições e a democracia brasileira".
Os manifestantes, trabalhadores ligados às centrais sindicais, vieram de ônibus de várias partes do país e, segundo os organizadores, somaram 200 mil pessoas. A Polícia Militar estimou em 35 mil.
Para Cleide Coutinho, coordenadora do Movimento Sem Teto, que veio de Salvador, Bahia, os atos de vandalismo tiraram um pouco o brilho da manifestação:
"Tira sim porque acaba dispersando as pessoas, acaba desfocando. Infelizmente, nós somos trabalhadores e trabalhadoras e somos recebidos com gás lacrimogênio".
Já Natália Souza, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araguari, Minas Gerais, destacou qual é a importância da manifestação na visão dela:
"E a gente não tem que ficar dentro de casa somente reclamando do Brasil. Então a gente tem que começar por nós mesmos porque a diferença vem da gente. Não adianta ficar só falando e não agir. Então a gente está aqui hoje para procurar por um Brasil melhor, para tentar tirar o Temer porque, do jeito que está, não tem como continuar".
Vários deputados da oposição que estavam no carro de som das centrais sindicais na hora da primeira confusão afirmaram mais tarde que a polícia exagerou e teria jogado várias bombas na direção do próprio carro e de manifestantes que não estavam mascarados. Mas o deputado Efraim Filho (DEM-PB) acredita que a polícia fez o seu papel:
"Se existe manifestação legítima lá fora, há também vandalismo. Há também depredação. Há também pichação de patrimônio público. É isso que nós estamos vendo, é isso que nós estamos vivenciando. A Polícia Militar reagiu, mas por outro lado também foi agredida".
Os organizadores do movimento falavam a todo instante dos carros de som para que os manifestantes saíssem de perto da cerca que estava em volta do Congresso Nacional para evitar confrontos. E pediam que os mascarados tirassem as máscaras e parassem de provocar. Eles também pediam calma à polícia.
"Vamos manter a tranquilidade. Policiais militares, vocês não podem jogar bombas na população. Parem com isso, parem com a provocação".
Em nota, a Polícia Militar de Brasília disse que usou a força de maneira "progressiva" porque os manifestantes tentaram invadir o perímetro de segurança.