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Patrimônio cultural do Brasil, a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha atrai cerca de 250 mil pessoas a cada ano. Devotos do santo casamenteiro seguem para a cidade cearense para pagar promessas, fazer pedidos e acompanhar a cerimônia do hasteamento, em que cerca de 200 homens se revezam em um percurso de 8 km levando um tronco de mais de 2 toneladas nos ombros. Nele, é hasteada a bandeira de Santo Antônio em frente à Igreja Matriz de Barbalha, em uma tradição que começou em 1928. Para discutir como aproveitar melhor o potencial turístico e cultural do evento, a Comissão de Cultura promoveu um debate, nesta quinta-feira, reunindo representantes do Ministério do Turismo, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, além do prefeito da cidade e de um representante do festejo.

A secretária nacional de Qualificação e Promoção do Turismo, Tetê Bezerra, detalhou as ações do ministério para promover os festejos juninos como um produto turístico no Brasil e no exterior, e ressaltou a necessidade de qualificação profissional e preparo das populações locais para a fidelização dos turistas. Ela lembrou que, pela plataforma Braços Abertos, o Ministério do Turismo oferece ações de qualificação à distância gratuitamente. Já a representante do Iphan, Rívia de Alencar, explicou que o reconhecimento da festa de Barbalha como patrimônio cultural colabora para preservar e divulgar a tradição religiosa. Como próximo passo para o fortalecimento da festa, ela defende a criação de um centro de referência para abrigar todo o material que registra a memória quase centenária dos festejos.

O prefeito de Barbalha, Argemiro Sampaio Neto, pretende que a Festa do Pau da Bandeira marque oficialmente o início dos festejos juninos no Nordeste. Para ampliar sua visibilidade, ele lançou um desafio neste ano.

"Para que a gente fizesse a curto prazo uma grande festa, eu lancei o desafio da maior festa de Santo Antônio do mundo. Existe o maior São João do mundo, existe a disputa Campina Grande x Caruaru, e essa disputa fez com que essas duas festas chegassem a nível nacional por conta de uma disputa de quem fazia a maior festa. E nós copiamos essa ideia e lançamos esse desafio. No Brasil, nenhuma cidade ainda entrou no desafio, mas Lisboa já está em contato, acha que a maior festa de Santo Antônio do mundo é lá, lá é a terra de Santo Antônio também, e nós estamos desafiando".

Além dessa ação de marketing, o prefeito de Barbalha pede apoio para que o município consiga captar mais recursos federais e ampliar a festa nos próximos anos, aproveitando a estrutura existente nas vizinhas Crato e Juazeiro. Autor do requerimento, o deputado Raimundo Gomes de Matos, do PSDB do Ceará, avalia que a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio tem um grande potencial para estimular o turismo em toda a região do Cariri, que reúne uma população de quase 600 mil habitantes.

"Então existe toda uma necessidade de nós aqui, a partir da Comissão de Cultura, como também da parte da Comissão de Turismo, da qual eu faço parte como titular, nós fortalecermos esse potencial para fazer com que possamos gerar emprego, renda e resgatar toda cultura do nosso povo"

Unindo fé e tradição, os festejos envolvem pessoas como Expedito Teles, que desde o ano 2000 é o capitão do Pau da Bandeira de Santo Antônio, sendo assim responsável por escolher a árvore a ser cortada, organizar os carregadores antes e durante o percurso e coordenar o hasteamento do mastro.

"É a maneira que a gente tem de agradecer por tudo que a gente tem conseguido, uma forma também de agradecimento, levando aquela árvore, aquele peso durante 8 km, isso tem sentido pra gente. Um sentido religioso, um sentido de você fazer, de contribuir com a sua tradição, com a sua cultura, sem esquecer, claro, a fé em nosso padroeiro Santo Antônio"

O evento atrai também aqueles que buscam um par, devido à fama de casamenteiro do dono da festa. Os devotos garantem que quem pega uma lasca do Pau da Bandeira de Santo Antônio já volta casado na festa do ano seguinte, que sempre ocorre no último domingo de maio ou no primeiro domingo de junho. Neste ano, o tronco a ser carregado é de um jatobá de 23 metros de comprimento e que pesa cerca de duas toneladas. O corte da árvore é cercado de cuidados, como a preservação de espécies em extinção, além de haver ações de reflorestamento. A cada ano, são plantadas mais de 100 mudas, para garantir de todas as formas a perpetuação da tradição.