18/04/2017 17:09 - Meio Ambiente
Radioagência
Presidente do IBGE diz que Censo Agropecuário 2017 será completo e preciso
O presidente do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Paulo Rabello de Castro, garantiu (nesta terça-feira) que o Censo Agropecuário 2017, previsto para começar em outubro, será completo e chegará aos mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais, com um maior nível de precisão nas respostas e um menor custo.
Paulo Rabello de Castro esteve na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, onde uma audiência pública discutiu a redução nos recursos orçamentários para a realização da pesquisa. Um censo detalhado custaria aproximadamente 1,6 bilhão de reais em três anos, mas o orçamento da União destinou apenas 505 milhões de reais neste ano para a tarefa, que teve de ser enxugada.
Segundo Paulo Rabello de Castro, o censo que nasceu de uma restrição orçamentária foi repaginado e ganhou em qualidade e em simplicidade operacional.
"Todas as perguntas que caracterizam a propriedade, que caracterizam as técnicas de produção, que caracterizam as dificuldades eventuais nessa produção, evidentemente toda a produção recenseada, o valor da produção, as despesas e obviamente o universo da agricultura familiar. O que é que foi desconsiderado momentaneamente? As perguntas de detalhamento."
A ideia é complementar esse censo, a partir do próximo ano, com pesquisas amostrais anuais dos estabelecimentos. Para tanto, Paulo Rabello de Castro disse contar com verbas orçamentárias complementares.
O deputado Pepe Vargas, do PT do Rio Grande do Sul, um dos parlamentares que sugeriram o debate, cogitou um adiamento do censo a fim de garantir mais recursos para a pesquisa. O gerente do Censo Agropecuário do IBGE, Antônio Florido, no entanto, explicou que mais dinheiro não garantiria uma nova reformulação do projeto, já que as pessoas que vão trabalhar no censo precisam ser contratadas desde agora.
Pepe Vargas se comprometeu a trabalhar na comissão para destinar recursos orçamentários ao censo no próximo ano.
O projeto reformulado de censo prevê a redução do tempo médio de entrevista com os produtores rurais de 90 para 45 minutos. O período de coleta de dados aumentou de três para cinco meses. Além disso, haverá uma redução no número de contratos: de 62,4 mil recenseadores para 18 mil, por exemplo.
Com previsão de início em outubro, a coleta termina em fevereiro de 2018. Os primeiros resultados deverão ser divulgados em junho de 2018.
Apesar das explicações, os participantes do debate reclamaram que ficarão de fora da investigação dados importantes para a formulação de políticas públicas, como números referentes à agricultura familiar, ao uso de agrotóxicos, ao emprego de tecnologia e à captação de água.
O professor da Universidade de Brasília Mauro Eduardo Del Grossi acredita que a proposta atual de censo não identificará a agricultura familiar de forma plena. Nem trará riqueza de detalhes no que diz respeito ao trabalho da mulher no campo.
"Somente com uma informação censitária, a gente consegue identificar para onde devem caminhar as políticas públicas. Por exemplo, 83% da mandioca naquele ano vinham da agricultura familiar."
Já o pesquisador do Ipea, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Fernando Gaiger Silveira acredita que o censo deveria jogar mais luz em pontos como a mão de obra e as formas de captação de água nos estabelecimentos rurais.
A essas questões o gerente do Censo Agropecuário, Antônio Florido, respondeu que o IBGE conta com variáveis que permitem classificar uma propriedade como familiar ou não. Dados sobre mão de obra poderão ser complementados com informações de pesquisas demográficas. No que diz respeito à água, o questionário busca saber se há fonte, poço, lago ou rio na propriedade. Por fim, em relação aos orgânicos, apenas não se levantará se existe ou não certificação.