11/04/2017 17:36 - Saúde
Radioagência
Comissão discute incluir vacina contra dengue no calendário de vacinação
A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara promoveu audiência pública para discutir o uso, no calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde, de uma vacina contra a dengue já comercializada na rede particular e adotada em uma campanha de vacinação no estado do Paraná.
O nome da vacina é Dengvaxia e, no Paraná, está sendo usada em 30 cidades.
Os moradores destes municípios já estão recebendo a segunda dose da vacina e o resultado está sendo analisado e monitorado pelo Ministério da Saúde.
Francieli Fontinato, da Secretaria de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, explicou que uma das principais análises ainda em andamento é a do custo benefício do produto.
Esse estudo inclui o custo da vacina, a quantidade de doses necessárias, a eficácia, a logística de distribuição e até a previsão de perda dos frascos depois de abertos.
No ano passado, a Anvisa autorizou a comercialização da vacina, na rede privada, por pouco mais de 130 reais a dose. A imunização requer três doses por pessoa. Como o público alvo é a população entre 9 e 45 anos, isso significa 116 milhões de pessoas.
Francieli Fontinato não descartou o uso da vacina nas campanhas nacionais, mas disse que isso depende do resultado das análises.
"São estudos que o ministério ainda precisa para ter uma melhor avaliação para a tomada de decisão, então por isso que neste momento o grupo de trabalho que elaborou o relatório, em relação à vacina Dengvaxia, eles optaram por não implantar de maneira imediata. Isso não quer dizer que o ministério não vá implantar essa vacina futuramente. E nós não estamos com estes estudos prontos".
A representante do fabricante da vacina, Sheila Homsani, explicou que o produto já é comercializado na rede privada em 14 países, não tem efeitos colaterais e é eficaz contra os quatro tipos de dengue conhecidos.
Segundo ela, a Dengvaxia protege duas de cada três pessoas vacinadas, o mesmo índice de sucesso da vacina contra a gripe, e é a única do mundo que conseguiu concluir todos os estudos necessários.
Sheila Homsani disse que uma campanha de vacinação regular feita em pessoas entre 9 e 45 anos de idade faria cair pela metade o número de casos de dengue no Brasil.
A audiência pública foi pedida pelo deputado Alexandre Serfiotis, do PMDB do Rio de Janeiro. Ele defende a inclusão da vacina no cronograma do Ministério da Saúde.
"É a primeira vacina contra a dengue. É a única que nós temos disponível no mercado hoje, que reduz o número de casos graves, de hospitalizações por dengue. Então a gente buscou trazer este tema, debater junto com os colegas, mas deixar essa solicitação ao ministério para incorporação da vacina no calendário nacional de imunização".
No Brasil, foram notificados quase 1 milhão e meio de casos de dengue no ano passado.
Além da Dengvaxia, que já está sendo comercializada, uma outra vacina está sendo desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan. Ela ainda está em fase de testes e não foi liberada pela Anvisa.
Mas o Ministério da Saúde alerta que, mesmo com a vacina, é preciso continuar a combater o mosquito Aedes Aegypti, que transmite o vírus da dengue e também o Zika vírus e o da febre chikungunya.