07/12/2016 21:16 - Saúde
Radioagência
Especialista aponta dificuldades de avaliação dos programas antidrogas
A falta de informação sobre resultados não pode impedir o investimento em programas do governo sobre o enfrentamento ao uso de drogas. Segundo a especialista em políticas públicas, Cinthia Lociks, dificuldades em medir a eficiência desses programas não é exclusividade do Brasil. Durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados que debateu políticas de enfrentamento do uso do crack e outras drogas, Cinthia disse que um dos desafios é investir mais em monitoramento e avaliação.
"Hoje nós não temos disponíveis resultados, dados, informações consistentes sobre o impacto dessas ações. O outro problema é a implantação de uma forma pulverizada nos territórios, por adesão espontânea dos municípios."
Entre as ações de enfrentamento ao uso de drogas estão programas inspirados em experiências de outros países. É o caso do "Tamo Junto", que estabelece uma dinâmica de grupo com jovens. Outra ação é voltada para a formação de profissionais para acompanhar famílias e adolescentes. Segundo lembrou Rafael Alloni, coordenador da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas, do Ministério da Justiça, o tema passou a ser prioridade a partir de 2010. Neste ano, adotou-se um plano integrado de enfrentamento ao crack, que foi relançado em 2011 com orçamento maior, alcançando R$ 4 bilhões.
Rafael Alloni destacou que, atualmente, as ações foram incorporadas ao Plano Plurianual.
"Então, o grande norte do plano sobre drogas hoje é o próprio Plano Plurianual. Tem muita dificuldade, há muito a ser feito. O Brasil é um país grande, requer uma política intersetorial extremamente complexa, mas acho que temos muitos programas com resultados positivos e não são programas que foram simplesmente desenhados. Eles foram baseados em metodologias indicadas pelas Nações Unidas. Ainda vamos fazer uma avaliação, mas estamos contando na efetividade desses programas que já são programas antigos."
O chefe da Divisão de Operações de Repressão a Drogas da Polícia Federal, Alexandre Custódio Neto, ressaltou que a PF tem foco na desarticulação de quadrilhas.
"Até novembro agora, estamos com 206 toneladas de maconha e 37 toneladas de cocaína. Já é o segundo ano com maior apreensão na Polícia Federal, em cocaína. Talvez até ultrapassemos no final do ano. O ano de 2013 foi o mais expressivo. O principal: este ano batemos o recorde de operações especiais. Chamadas de operações especiais da PF, em que a gente desarticula uma organização criminosa, que é o nosso foco principal. Para nós, mais importante que a apreensão é desarticular o grupo organizado para a prática do delito."
Para o deputado Alexandre Baldy (PTN/GO), presidente da comissão e autor do requerimento para o debate, o problema das drogas é um dos maiores desafios da segurança pública. Baldy cobrou os resultados das ações do governo para que se justifique o investimento nos programas.
"Nós não temos hoje identificada uma diretriz. Nós não temos sequer resultado dos investimentos que foram realizados em anos anteriores pelo governo federal. Nós precisamos debater, mas precisamos rapidamente."
De acordo com o deputado Alexandro Baldy, é desejo da Câmara dos Deputados que se encontre uma política clara e eficiente que vise investir no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, além do tratamento dos usuários.