06/12/2016 20:27 - Educação
Radioagência
Debatedores são unânimes em afirmar que acesso à internet poderia melhorar educação
O Brasil precisa garantir o acesso das escolas à internet como forma de melhorar a educação e garantir a igualdade de oportunidades para todos os estudantes. A opinião foi unânime entre os participantes de audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
Para os debatedores, é impossível garantir o uso da internet adequado para fins pedagógicos se não houver velocidade na conexão e cobertura de todo o espaço da escola, fora dos laboratórios de informática.
Américo Bernardes, do departamento de Inclusão Digital da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência e Tecnologia, afirmou que, apesar de haver muitas escolas conectadas, a velocidade é baixa.
A meta do governo é atingir os 30 milhões de alunos matriculados nas escolas públicas no ensino fundamental e médio até o ano de 2021.
No entanto, o Brasil ainda está longe dos números ideais. O representante do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Fábio Senne, apresentou dados de pesquisa realizada em 2015 que apontou que apenas 51 por cento dos domicílios do País possui alguma forma de acesso à internet.
No entanto, esse número está concentrado nas áreas urbanas do sul e sudeste. A situação é pior nas regiões nordeste e em áreas mais pobres, como explicou Fábio Senne.
"Se a gente tem 51 na média nacional, a gente só tem 22 por cento dos domicílios em área rural com alguma conexão de internet. Que pode ser, inclusive, um celular com alguma conexão para toda a casa. Não estamos necessariamente falando de internet fixa aqui. Então tem um desafio de inclusão muito grande, especialmente nas áreas rurais. E se a gente olha a diferença das classes D e E pra classe A, também temos uma diferença abissal. Nós estamos em 16 por cento das classes D e E que têm alguma conexão no nível domiciliar".
A diretora-presidente do Cieb, Centro de Inovação para a Educação Brasileira, Lúcia Dellagnelo, afirmou que não faz mais sentido pensar em uma política única sem levar em conta as diferenças em infraestrutura em estados e municípios.
Para Dellagnelo, esse é o momento ideal para implementar uma política mais ampla do uso de tecnologia na educação.
"Estados e municípios querem ter um papel proativo no desenho dessa nova política nacional. Então a gente já está fazendo o mapeamento da infraestrutura porque os gestores educacionais querem participar desse desenho. A gente encontrou em um estudo que fizemos sobre fontes de financiamento, encontramos muito dinheiro distribuído em várias, em vários ministérios, que pode ser usado pra tecnologia na educação. E as metas do PNE e a reforma do ensino médio criam um senso de urgência pra utilização da inovação em tecnologia para mudar a educação brasileira".
O deputado Vitor Lippi, do PSDB paulista, também concordou que o acesso à internet nas escolas tem que ser feito através de uma política de Estado, articulada com estados e municípios. Para o deputado, sem essa integração, o País não irá se desenvolver.
"Quando a gente não consegue levar essa tecnologia para as escolas e a escola também, infelizmente, não tem conseguido dar a qualidade no ensino que nós esperamos, eu acho que o nosso futuro está complicado".
Lippi também cobrou a capacitação de professores dentro de um método de ensino ligado à tecnologia e que seja capaz de motivar os alunos.