22/11/2016 13:31 - Meio Ambiente
Radioagência
Ambientalistas defendem experiências agroflorestais de agricultura sustentável
Experiências bem-sucedidas de agricultura sustentável foram apresentadas (nesta terça-feira) em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Como a agrofloresta, que integra culturas agrícolas com espécies arbóreas nativas, utilizadas para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. A tecnologia minimiza riscos de degradação inerentes à atividade agrícola, otimiza a produtividade e ainda evita a perda de fertilidade do solo e o ataque de pragas.
O analista ambiental do ICMBio Walter Steenbock citou a experiência da Cooperfloresta em São Paulo e no Paraná.
"Entrar na floresta e produzir alimentos e não domesticar completamente a paisagem para isso. Produzindo muita biomassa a partir de capim e a partir de consórcios com esse capim e utilizando esses capins para adubação e cobertura do solo nos canteiros. Isso favorece muito o início do processo. Essa grande quantidade de biomassa colocada nos canteiros favorece, ativa a microbiota do solo, os micro-organismos, que vão liberando nutrientes, que vão liberando especialmente fósforo e vão estimulando a produtividade inicial."
Referência internacional em Sistemas Agroflorestais, o pesquisador suíço Ernst Götsch desenvolveu uma apurada técnica de plantio cujos princípios e práticas podem ser aplicados a diferentes ecossistemas. Ele chegou ao Brasil nos anos 80 em uma fazenda no sul da Bahia, aproximadamente 500 hectares de terra improdutiva devido às práticas de corte de madeira; repetidos ciclos de cultivo de mandioca nas encostas dos morros; criação de suínos nas baixadas; e formação de pastagens por meio de fogo ao longo das margens da estrada que corta a fazenda. Ali, ele desenvolveu seus experimentos alcançando alta produtividade em grande variedade de espécies vegetais, com destaque para o cacau e a banana. Além de alimentar sua família e dali tirar sua renda, a mata atlântica ressurgiu na área, com todas as suas características de flora e fauna. Hoje, são cerca de 410 hectares de área reflorestada. Cerca de 14 nascentes ressurgiram na fazenda, que hoje passou a chamar-se "Fazenda Olhos d’Água".
Götsch falou sobre a experiência.
"Hoje em dia chego cada vez mais firme à conclusão de que temos que tentar, temos que trabalhar para criarmos sistemas de produção parecidos aos ecossistemas naturais e originais dos locais em a gente intervém, parecidos no seu modo de funcionar, na sua dinâmica e na sua estrutura, isso não exclui a soja, isso não exclui o milho, só nos traz para um outro patamar."
Autor do pedido para a realização da audiência, o deputado Augusto Carvalho, do Solidariedade do Distrito Federal, falou sobre a visita que fez a duas propriedades de Ernst Götsch e destacou a recuperação da mata atlântica na Bahia e a produção em grande escala de frutíferas e criação de gado sustentáveis na Fazenda da Toca, em São Paulo.
Rodrigo Justus de Brito, Presidente da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA - a Confederação Nacional da Agricultura, defendeu que, embora haja muita crítica ao sistema tradicional de produção de alimentos, é ele que mantém os níveis altos da produtividade agrícola brasileira, permitindo a conservação de biomas nacionais como a floresta amazônica, o cerrado e a caatinga, pois do contrário, seria necessário desmatar para ampliar a área cultivada.