31/10/2016 13:39 - Política
31/10/2016 13:39 - Política
Para os cientistas políticos, o pedaço da reforma política que pretende reduzir a fragmentação partidária terá uma tramitação mais difícil agora, após os resultados definitivos das eleições municipais. Ao retirar os 10 partidos que mais elegeram prefeitos em 2016, sobram 21 partidos que elegeram 837 prefeitos. Em 2012, essa lista tinha 17 partidos com 641 prefeitos. Um crescimento de 30%. A parte da reforma política que busca reduzir o total de 35 partidos atual está sendo analisada pelo Senado e vem para a Câmara em seguida. É a cláusula de barreira, que tenta restringir o acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e TV para os partidos muito pequenos; e o fim das coligações nas eleições proporcionais. As coligações permitem que partidos se unam para aumentar suas chances nas disputas legislativas.
Mas o bom desempenho dos partidos menores nas eleições municipais deste ano pode dificultar essas mudanças, segundo avalia o cientista político Ricardo Braga. Além da fragmentação partidária, ele destaca o discurso da "antipolítica" que, por vezes, acompanha candidatos de partidos menores.
"Grandes diferenças não estão sendo realçadas. Quer dizer, quais são os projetos para as cidades do país? As pessoas caíram em um discurso muito pobre, do tipo... O candidato diz 'confia em mim porque eu sou capaz', 'confia em mim porque eu não sou político' e a gente sabe que isso não pode ser verdadeiro, porque a política é agregar pessoas, é agregar ideias, é direcionar esforços e não fragmentá-los".
O diretor de documentação do Diap, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, Antônio Augusto de Queiroz, lembra que o prefeito eleito Alexandre Kalil ganhou a cidade de Belo Horizonte por um partido pequeno, o PHS, e com um discurso contrário à política tradicional.
"Um sujeito conhecido e que aproveitou um discurso que estava muito em moda do antipolítico. Foi eleito por um pequeno partido, mas o que prevaleceu foi o discurso antipolítico pelo desgaste natural do PT e do PSDB em Minas Gerais".
Neste segundo turno, outros exemplos de partidos pequenos que ganharam grandes prefeituras foram Curitiba, onde ganhou Rafael Greca, do PMN; e Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, que é do PRB.
Os cientistas políticos também ressaltam o crescimento da centro-direita e, segundo Ricardo Braga, um dos motivos são as frustrações relacionadas ao PT. O partido teve uma queda de 60% no total de prefeitos em relação a 2012. No estado de São Paulo, passou de 74 para apenas oito prefeituras. O PMDB permaneceu na liderança com 1.036 prefeituras e o PSDB foi o que mais cresceu: 15,7%. O PSDB governará cidades que somam quase 50 milhões de habitantes.
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