26/09/2016 18:40 - Política
Radioagência
Restrições legais obrigam candidatos a manterem discrição nas redes sociais
O aumento da presença do eleitor nas redes sociais torna essa forma de comunicação fundamental para as campanhas municipais. Mas as restrições impostas pela legislação eleitoral obrigam os candidatos a prestar atenção no próprio comportamento virtual.
Esse impacto foi trazido pela Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/15), que regulamentou o uso da internet, desde sites, redes sociais e aplicativos – vedando divulgação de boatos, calúnias ou uso de robôs para enviar mensagem automáticas.
A norma também proibiu que se pague pela divulgação de mensagens. Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE, 23.457/15) detalhou que, mesmo gratuita, é proibida a propaganda em site de empresas e organizações não governamentais ou em páginas oficiais da administração pública.
Para o cientista político Antônio Flávio Testa, o aumento da participação social com as redes sociais força os candidatos a se prepararem melhor.
“Em uma disputa eleitoral, a partir do momento que houver mais envolvimento do eleitorado em questões do seu interesse, os candidatos vão ter de estar muito mais bem preparados para propor soluções factíveis e não promessas vazias.”
Testa alerta para os riscos das redes sociais de construir ou descontruir imagens. Segundo ele, muitos candidatos ainda se preocupam mais em desconstruir a imagem de um oponente do que trabalhar conteúdos propositivos.
Por outro lado, o resultado pode ser positivo caso o candidato consiga colocar questões de apelo social e vincular a discussão com a sua imagem. Para Testa, haverá uma diversificação dos meios de divulgação de campanha.
Já para para outro cientista político, o também professor da Universidade de Brasília David Fleisher, as redes sociais devem substituir televisão e rádio como meios preferenciais para a campanha.
O candidato também deve ter cuidado, segundo Fleischer, para não ofender certos segmentos da população. Essas opiniões podem ser potencializadas pelas redes sociais.
"O candidato tem de tomar muito cuidado para não ofender certos segmentos da população. Segmentos do eleitorado. Então, ele não desandar por religião, por gênero e por opção sexual. Tem de tomar muito cuidado para não ofender segmentos."
Para o criador do Gabinete Digital e integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio, Vinicius Wu, fazer campanha nas redes sociais está mais difícil atualmente.
A razão é o sistema do Facebook para distribuir informação que direciona para o usuário conteúdos pelos quais já demonstra interesse. Isso dificulta os candidatos a alcançar novos públicos. A rede social usa essa estratégia para forçar o pagamento de um recurso que impulsiona postagens, o que é vedado pela Justiça Eleitoral.