31/08/2016 20:57 - Política
Radioagência
Michel Temer toma posse como presidente da República em cerimônia no Congresso
Em rápida cerimônia no Plenário do Senado, Michel Temer foi empossado como presidente da República, nesta quarta-feira, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Cercado de ministros e parlamentares que o apoiam, Temer se limitou às obrigações protocolares, como a assinatura do termo de posse e o juramento.
"Prometo manter, defender e cumprir a Constituição; observar as leis; promover o bem geral do povo brasileiro; sustentar a União, a integridade e a independência do Brasil".
Na primeira reunião ministerial após a posse, Temer rebateu o rótulo de "golpista" dado pela oposição e pediu que a base de partidos aliados permaneça unida. Em cadeia de rádio e TV, fez pronunciamento para dizer que "o pior já passou" e que é hora união para "fazer um país melhor". Temer citou medidas já tomadas ou que pretende tomar para reduzir o desemprego, o deficit público e o rombo da Previdência.
"Assumo a presidência do Brasil após decisão democrática e transparente do Congresso Nacional. A incerteza chegou ao fim. É hora de unir o país. Destaco os alicerces do nosso governo: eficiência administrativa, retomada do crescimento, geração de emprego, segurança jurídica, ampliação dos programas sociais e a pacificação do país. Para garantir o pagamento das aposentadorias, teremos de reformar a Previdência Social. Nossa missão é mostrar a empresários e investidores de todo o mundo a nossa disposição para proporcionar bons negócios, que vão trazer empregos ao Brasil. Temos que modernizar a legislação trabalhista: a livre negociação é um avanço nessas relações".
Todos esses temas vão passar pela análise do Congresso. O líder do governo, deputado André Moura, do PSC de Sergipe, disse que a proposta de reforma da previdência deve ser enviada em outubro, enquanto o projeto de reforma trabalhista deve ficar pronto até o fim do ano. Moura garantiu que, apesar de ampla, a base governista vai se manter unida para enfrentar a oposição e aprovar as propostas de interesse do país.
"Diferente do discurso da oposição de que é um governo ilegítimo. É um governo tão legítimo quanto o que era anteriormente, mesmo porque o presidente Michel Temer também foi eleito com mais de 54 milhões de votos. E agora, o mercado reage de forma positiva, os investidores querem voltar a confiar no Brasil. Não tenho dúvidas de que vamos caminhar para que a gente possa retomar o gráfico de crescimento, combater os 12 milhões de desemprego, o alto índice de inflação e de recessão e o alto índice de juro. Lógico que medidas importantes precisam ser aprovadas aqui na Casa, como a PEC que limita os gastos públicos e a questão das reformas previdência e trabalhista".
Já o líder do PT, deputado Afonso Florence, reafirmou que o governo Temer é ilegítimo e anunciou o foco do partido em torno da antecipação das eleições presidenciais de 2018.
"Nós vamos continuar a fazer oposição, na defesa das conquistas econômicas, trabalhistas e sociais do nosso povo. Esse é um governo que não tem voto nem legitimidade. Não tem crime de responsabilidade (de Dilma): é um golpe. É nós vamos lutar pela conquista da legitimidade do governo brasileiro novamente, através da soberania popular, do voto popular, através de eleições diretas. Por isso, nós vamos lutar por eleições diretas para presidente da República".
A Rede tem posição independente em relação ao governo Temer. Em nome próprio, o deputado Miro Teixeira, da Rede do Rio de Janeiro e parlamentar com maior número de mandatos na Câmara, falou de expectativas de combate à corrupção e disse como pretende se comportar diante do novo governo.
"Eu examinarei cada projeto à medida que chegar. Se se conseguir fechar a torneira da corrupção no Brasil, sobra dinheiro para solucionar os problemas da saúde, as vagas que faltam nas escolas e presídios para colocar ladrões na cadeia".
Apoiador do governo Temer, o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy, cobrou responsabilidade da oposição, sobretudo do PT.
"Agora volta a esperança, volta o cenário novo, em uma perspectiva de que o país vai conseguir sair dessa crise. Espero que a oposição, que governou o país até há bem pouco tempo, saiba ser responsável e consequente. Entendo que devem ter amadurecido".
Ainda na quarta-feira, o presidente Michel Temer viajou para a China para participar da reunião do G-20, grupo das maiores economias do mundo.