08/03/2016 18:40 - Direito e Justiça
Radioagência
Cinco personalidades recebem o prêmio Bertha Lutz
No dia internacional da mulher, o Senado Federal concedeu o 15º Prêmio Bertha Lutz a cinco personalidades que, no entender daquela Casa, destacaram-se pela contribuição à defesa dos direitos da mulher. Neste ano, foram agraciadas quatro mulheres: Ellen Gracie, primeira a integrar e presidir o Supremo Tribunal Federal, Luiza Helena de Bairros, ex-ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Lya Luft, escritora, colunista e tradutora premiada e Lucia Regina Antony, dentista que foi vereadora em Manaus e fundou o Comitê de Mulheres da Universidade Federal do Amazonas e a União de Mulheres de Manaus. Ela acha que o prêmio é fundamental para o desenvolvimento social do Brasil, pois reconhece uma luta que não é por privilégios, mas por uma sociedade mais justa. Lucia Antony acredita que a indicação dela não foi por mérito pessoal no último período, mas por uma história de militância.
"O prêmio que eu recebo eu recebo em nome de todas as mulheres que, do norte ao sul deste país construíram essa luta emancipadora. E eu lembrava aqui neste momento quando as mulheres e eu junto ficamos presas do lado de fora no processo da Constituinte quando tentávamos trazer a nossa pauta reivindicatória pra Constituição. Ficamos presas debaixo de chuva, mas depois dessa luta foi o primeiro segmento a entregar sua reivindicação à Assembleia Nacional Constituinte. E eu costumo dizer o seguinte: a nossa luta antes da Constituição de 88 era uma luta por direitos. De lá pra cá, a gente luta pra que esse direito seja efetivado."
Além das quatro mulheres, o prêmio Bertha Lutz pela primeira vez foi entregue a um homem: Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, que, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral lançou nas eleições passadas a campanha "Mais Mulheres na Política" e também defendeu condições que favoreçam uma maior participação feminina em todas as instâncias de poder e de atuação na sociedade. O ministro afirma que a sociedade evoluiu.
"A visão mais aberta inserida na Constituição Federal de 1988 mudou o conceito de família e implicou alteração da interpretação até então existente. Se a família permanece como a base da sociedade, o conceito deve corresponder às modificações nela ocorridas."
A presidente da Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher, senadora Simone Tebet, do PMDB do Mato Grosso do Sul, é presidente do conselho do Diploma Bertha Lutz, composto por 15 senadores que escolhem, anualmente, cinco pessoas entre as indicadas pelos senadores. Ela ressaltou a baixa representatividade feminina nos cargos públicos, apesar da lei de cotas que estabelece 30% das vagas partidárias destinadas à mulher. O representante da Câmara na solenidade, primeiro-secretário Beto Mansur, do PRB de São Paulo, lembrou dados da PNAD do IBGE divulgados hoje que apontam que as mulheres recebem em média 25% menos do que os homens. Ele citou outro dado.
"Das 200 maiores empresas brasileiras que são dirigidas por homens e mulheres, somente 3 são comandadas por mulheres, a par de que, hoje, 57% de todos os diplomas que se conseguem na universidade são as mulheres que conseguem."
O plenário do Senado estava cheio de mulheres das três forças armadas, além de deputadas, senadoras e parentes das pessoas homenageadas. O prêmio Bertha Lutz é uma homenagem à bióloga Bertha Maria Julia Lutz, umas das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável por ações políticas que resultaram em leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos no início do século 20.