19/10/2015 18:43 - Direitos Humanos
19/10/2015 18:43 - Direitos Humanos
A Comissão de Cultura aprovou em setembro dois projetos que prestam homenagem a Luiz Gama, um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil.
Conhecido como advogado dos escravos, Luiz Gama não conseguiu se matricular no curso de Direito do Largo do São Francisco onde hoje é a faculdade de direito da USP e enfrentou hostilidade de professores e alunos por ser negro, mas persistiu como ouvinte das aulas. Conseguiu uma carta de advogado e com o conhecimento adquirido, defendeu e libertou na Justiça mais de 500 negros escravos.
O primeiro projeto inscreve o nome de Luiz Gonzaga Pinto da Gama no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília (PL 1926/2015). O segundo declara Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil (PL 1927/15). Os dois projetos são de autoria do deputado Orlando Silva, do PCdoB paulista.
O parlamentar disse que o Brasil ainda conhece poucos personagens negros que construíram sua história.
"No que diz respeito à história da contribuição do povo negro para nossa nação, existe pouco conhecimento de personagens. Ele se transformou em um homem de ideias, chegou a ser batizado como apóstolo da abolição no Brasil e defendo que deve fazer parte do panteão de heróis nacionais e deve ser o verdadeiro patrono da abolição no Brasil. Ainda hoje no Brasil você sente não só na escola, na universidade, no mercado de trabalho a diferença que tem entre brancos e negros. O exemplo de Luiz Gama é um exemplo inspirador, de que se você tiver a mínima condição, a mínima oportunidade, você pode trilhar um caminho de superação. Não há diferença entre negros e brancos além daquela estruturada a partir da dinâmica social."
Paulino Cardoso, presidente da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros e historiador, ressaltou a importância de Luiz Gama para a história do Brasil.
"Ele é o primeiro grande intelectual a discutir e a deslegitimar a propriedade escrava. Uma das mentes brilhantes da cidade de São Paulo, do estado de São Paulo, uma vida abnegada, dedicada à luta pelo fim dessa chaga e mobilizando os tribunais, mobilizando a massa popular para que pudesse por fim à instituição da escravidão. Essa homenagem, essa lembrança faz juz a uma memória que o Brasil não conhece."
Os dois projetos são conclusivos e deverão ainda ser analisados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
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