03/09/2015 16:31 - Saúde
03/09/2015 16:31 - Saúde
O relator da CPI dos Maus Tratos a Animais, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), disse que será necessário ouvir o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para que ele explique como o ministério vem combatendo a incidência da leishmaniose visceral no país. A CPI fez uma audiência pública para discutir formas de combater a doença sem precisar condenar cães infectados à morte.
Os cachorros não transmitem leishmaniose. Eles servem apenas de depósito para o protozoário que é transmitido por um mosquito.
Segundo o veterinário André Luís Soares, que é integrante da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil, o país é o único do mundo que autoriza a eutanásia de animais como forma de controle da leishmaniose, o que, segundo ele, não é eficaz.
A mesma opinião tem o veterinário Paulo César Tabanez, do Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal, que afirma que os exames sorológicos podem apresentar falhas. Em um inquérito sorológico realizado pelo governo em Belo Horizonte, de 400 mil animais testados, quase 13 mil apresentaram reagentes, mas não estavam infectados e 2 mil deram resultados negativos, mas estavam infectados. Tabanez criticou a eutanásia:
"Então na verdade isso vem acontecendo no Brasil há muitas décadas. Isso é um retrato de cinco anos de uma cidade. Certamente nós temos muito mais animais sacrificados, eutanasiados nesse processo de canicídio com exames inadequados ou com uma condução inadequada. Somando-se tudo isso, no Brasil as perdas são realmente inimagináveis."
Segundo Tabanez, outras políticas públicas podem ser tomadas, como o uso de repelentes, vacinação individual, educação em saúde e educação ambiental.
Mas o representante do Ministério da Saúde, Renato Vieira, afirma que a Organização Mundial de Saúde permite que as medidas de controle sejam adequadas à realidade local:
"Manter um animal infectado em determinado ambiente é um risco à saúde dos seres humanos como até dos outros animais. Manter um animal simplesmente ali não é possível. O tratamento desse caso é um aspecto muito delicado. O entendimento é que esse animal não pode permanecer nesse ambiente simplesmente sem adoção de estratégia nenhuma. Então a alternativa seria ou a eliminação ou o tratamento. E o tratamento é um tema extremamente complexo."
O Brasil teve 3.453 casos da doença no ano passado, 58% dos casos no Nordeste onde a doença é conhecida como calazar. Quatro em cada dez vítimas são crianças de até 9 anos de idade. O índice de mortalidade é baixo, 7 em cada 100 infectados morrem.
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