31/07/2015 17:08 - Política
Radioagência
CPI da Petrobras mantém convocação de Beatriz Catta Preta
A CPI da Petrobras vai manter a convocação da advogada Beatriz Catta Pretta, ex-defensora de vários delatores da Operação Lava Jato — inclusive do empresário Júlio Camargo, que acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, de envolvimento em recebimento de propina.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba, lançou suspeitas sobre a origem dos honorários recebidos pela advogada, que se disse ameaçada pela CPI em entrevista à Rede Globo. Beatriz Catta Pretta disse que largou a defesa dos delatores e encerrou sua carreira como advogada por causa das ameaças.
O Supremo Tribunal Federal, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), decidiu que a advogada não é obrigada a falar sobre os honorários, mas não impediu o depoimento, que ainda não foi marcado.
Para o presidente da CPI, ela está usando a tática de se dizer vítima para não esclarecer as dúvidas. Ele negou as ameaças à advogada.
"A CPI agora quer saber quem foi que ameaçou a doutora Catta Preta. A CPI não ameaça ninguém. A CPI investiga. E o que é mais estranho: uma advogada criminalista, que tem, sem dúvida alguma, prestado serviços aqui no país há muito tempo, alegar de uma hora pra outra que está sendo ameaçada, sem trazer nenhuma pessoa que a ameaçou, sem trazer nenhum fato concreto?"
Hugo Motta negou ainda que a CPI esteja protegendo o presidente da Câmara, que foi acusado pelo delator Júlio Camargo de ter recebido 5 milhões de reais por contratos da Petrobras com empresas asiáticas fornecedoras de navios-plataforma.
O presidente da Câmara nega.
A acusação já tinha sido feita pelo doleiro Alberto Youssef, mas nunca tinha sido confirmada por Júlio Camargo. A mudança de versão de Camargo é considerada suspeita por Hugo Motta, que justifica a convocação do delator.
"O que eu sei é o seguinte: que o senhor Júlio Camargo, segundo a imprensa, deu quatro depoimentos, quatro delações, e não colocou o nome do deputado Eduardo Cunha. Na quinta delação, ele mudou e colocou o nome do deputado Eduardo Cunha como um dos possíveis políticos que haviam ali recebido, participado do esquema de corrupção. Isso, no mínimo, gera uma suspeição: ou ele mentiu antes ou está mentindo depois."
O presidente da CPI não descartou a investigação de Júlio Camargo pela empresa internacional Kroll, contratada pela Câmara oficialmente para descobrir dinheiro desviado da Petrobras no exterior. Segundo ele, os delatores podem não ter devolvido tudo o que desviaram.
O depoimento de Júlio Camargo ainda não foi marcado, mas a comissão vai ouvir, na próxima quarta-feira, os presidentes de duas empresas asiáticas, a Samsung e a Mitsui, que teriam envolvimento com pagamento de propina.