02/07/2015 18:59 - Política
Radioagência
Ministro considera esgotado modelo de desenvolvimento baseado na massificação do consumo
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, defendeu uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil, baseada na qualificação do ensino básico e na ampliação das oportunidades produtivas. Ele participou de comissão geral no Plenário da Câmara, nesta quinta-feira (2).
Segundo Mangabeira Unger, está esgotado o atual modelo de desenvolvimento nacional, baseado na massificação do consumo, no aumento da renda e na produção e exportação de produtos primários. Ele acredita que esse modelo permitiu resgatar milhões de brasileiros da pobreza extrema e manteve a grande maioria de brasileiros empregados. Mas, conforme o ministro, agora é hora de ir além da democratização do consumo e de democratizar o acesso às oportunidades de produção. A ideia é estimular empresas de vanguarda, por meio do acesso ao crédito, às tecnologias e aos mercados mundiais.
“Não basta regular a economia de mercado. Não basta atenuar as suas desigualdades por meio de políticas sociais retrospectivas ou compensatórias. É necessário democratizar a economia de mercado, para que mais gente tenha mais acesso a mais mercados, de mais maneiras. Essa é uma maneira de descrever o propósito da nova estratégia de desenvolvimento nacional.”
Mangabeira Unger defendeu o ajuste fiscal como "uma ponte, uma travessia" entre a antiga estratégia e a nova. Ele acredita que o sacrifício social exigido para o ajuste tem que ser justificado para a população como uma condição para um projeto democratizante, de oportunidades na produção e na educação.
Ele destacou a necessidade de o Brasil avançar na qualidade da educação. E defendeu uma educação menos baseada em "decoreba", e mais baseada no desenvolvimento da capacidade analítica do aluno.
“Nos últimos anos, o Brasil avançou muito no acesso à educação básica. E temos muito ainda a fazer em matéria de acesso. Mas não podemos esperar para abordar o problema da qualidade da educação. A qualidade da educação brasileira é calamitosa.”
O deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB do Paraná, destacou a gravidade da crise econômica e institucional no Brasil e a falta de apoio da população à presidente da República.
“Não é um momento bom de assuntos estratégicos, pensar o Brasil, a inserção do Brasil no mundo, perdemos posição no contexto internacional, na balança comercial mundial, os nossos indicadores de educação, saúde são piores, segurança."
Nas palavras do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, "as grandes modificações estruturais não ocorrem em tempo de bonança econômica, mas em épocas de crises". Ele pediu ajuda do Congresso para a construção de um novo modelo de desenvolvimento para o País, acima de partidos e posições políticas. A comissão geral com Mangabeira Unger faz parte da série de debates que a Câmara está promovendo com os 39 ministros.