30/06/2015 22:55 - Política
Radioagência
CPI da Petrobras: deputados criticam possível omissão da área de segurança da estatal
Integrantes da CPI da Petrobras criticaram nesta terça-feira (30) uma possível omissão da área de segurança da empresa na identificação de irregularidades envolvendo a conduta de funcionários e contratos firmados pela estatal brasileira.
Durante o depoimento do o ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras, Pedro Aramis de Lima Almeida, que integrou as comissões internas encarregadas de investigar irregularidades na estatal, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) disse que se o setor de segurança da Petrobras tivesse atuado de maneira mais proativa poderia ter trazido à tona parte dos desvios de conduta hoje revelados pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, como sobrepreço em contratos, formação de cartel e pagamentos de propina.
"Nunca houve nenhuma movimentação da presidência da Petrobras, da diretoria de Recursos Humanos, para querer saber nada sobre isso. Nunca houve nenhuma movimentação nesse sentido? O ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco saiu da direção para assumir a Sete Brasil. Ele foi rebaixado para cima e muito bem. Perdeu o cargo para pegar um negócio imenso, um projeto de poder e investimento imenso. Nunca a área de segurança detectou essa movimentação desses servidores?"
Relator da CPI, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) também se disse surpreso que aportes tão significativos na área de segurança não tenham resultado em proteção efetiva de informações da petrolífera. O relator citou investimentos recentes da Petrobras de R$ 3,9 bilhões no setor.
"Essa área de segurança empresarial que cuida de informações nunca ouvia, sabia ou percebia nada, mesmo com todo esse investimento em segurança da informação? Era surda-muda com investimentos da ordem de R$ 4 bilhões"
Em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-gerente de Segurança Empresarial da estatal Pedro Aramis disse que o trabalho executado pela área de segurança era de natureza técnica e feito sob demanda.
"A companhia dispunha de uma série de órgãos, como auditoria, ouvidoria, controle interno, e dispunha também dos órgãos de controle e todo esse aparato era completado por eventuais ações da segurança institucional. Mas o dia a dia do controle de processos não era feito pela segurança institucional”
Aramis confirmou ainda à CPI da Petrobras que a comissão interna identificou indícios de direcionamento nas licitações realizadas pela estatal. Segundo ele, os indícios têm por base sucessivas alterações nas estimativas de custo de obras apresentadas pela Petrobras durante os processos licitatórios, para adequá-los aos valores propostos pelas empresas.
Também em depoimento à CPI da Petrobras nesta terça-feira os ex-funcionários da Petrobras ligados ao Conselho da Fundação Petrobras de Seguridade Social (a Petros) defenderam os investimentos feitos pelo Petros na Sete Brasil – empresa privada criada pela própria Petrobras em 2011 para construir sondas de perfuração.
Para Paulo Brandão, que representou os aposentados da Petrobras, na época da criação da Sete Brasil o conselho da Petros se manifestou favorável ao projeto, apostando em investimentos e em equipamentos de conteúdo nacional. O mesmo argumento foi defendido pelo vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Leite Siqueira, que também depôs nesta terça à CPI da Petrobras.
De acordo com o presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Mota (PMDB-PB), o colegiado aguarda a autorização da Justiça para marcar o depoimento do empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, que teve o acordo de colaboração judicial homologado pelo STF na última quinta-feira.
Mota informou que o colegiado também solicitou à Justiça acesso ao conteúdo da delação de Pessoa, que é apontado pelo Ministério Público Federal como o coordenador do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras.