28/05/2015 12:57 - Esportes
Radioagência
Deputados veem com otimismo investigação da Fifa pelos Estados Unidos
Enquanto o senador Romário, do PSB do Rio de Janeiro, e o deputado João Derly, do PCdoB do Rio Grande do Sul, articulam a criação de uma CPI mista sobre o escândalo da Fifa, a Comissão do Esporte da Câmara aprovou hoje (28) a criação de uma comissão externa para ir aos Estados Unidos acompanhar as investigações da Justiça norte-americana sobre as denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, um dos presos.
Também foi aprovado convite para uma audiência pública com o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e os dirigentes esportivos Ricardo Teixeira e Kléber Leite.
A polícia da Suíça prendeu em Zurique, na sede da Fifa, sete dirigentes da entidade acusados de corrupção. Também foi anunciada uma investigação criminal sobre a escolha das sedes das duas próximas Copas do Mundo – Rússia, em 2018, e Qatar, em 2022.
A investigação é da Justiça norte-americana, que também apurou irregularidades em contrato da CBF com uma empresa de fornecimento de material esportivo e na compra de direitos de transmissão por agências de marketing esportivo de vários campeonatos, inclusive a Copa do Brasil.
O deputado Andres Sanchez, do PT de São Paulo, ex-presidente do Corinthians, disse que esse pode se transformar em um bom momento para o futebol brasileiro:
"É muito difícil para nós, que estamos no meio do futebol, mas é um momento também para a gente passar tudo a limpo. Ver até onde os clubes foram prejudicados, até onde os atletas foram prejudicados com todas estas coisas da Copa América, Libertadores, Copa do Brasil. Temos que tirar tudo isso a limpo."
O deputado Silvio Torres, do PSDB de São Paulo, afirmou que a CBF sempre resistiu às tentativas de investigar seus contratos. Ele disse que apresentou um projeto (PL 1429/07) para tornar a seleção brasileira patrimônio cultural com um objetivo específico:
"Para que, através dele, nós pudéssemos permitir que o Ministério Público auditasse, acompanhasse os contratos que a CBF faz em nome da seleção brasileira ou se utilizando dela, contratos bilionários. A CBF, só no ano de 2014, faturou mais de R$ 500 milhões. Não presta contas de nada, não devolve nada disso. Tem o monopólio da exploração comercial da seleção brasileira e ainda alega que qualquer iniciativa nossa vai fazer com que a Fifa intervenha no futebol brasileiro e que nos tire dos campeonatos."
O relator da MP 671, que reestrutura as dívidas dos clubes, deputado Otávio Leite, do PSDB do Rio de Janeiro, também anunciou que pediu informações à embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde:
"Informações mais detalhadas sobre esse contexto criminoso, justamente para identificar se haverá um alcance, se a operação desta rede mafiosa se estendeu ao futebol brasileiro. Estamos todos perplexos com o que está acontecendo. Todas medidas têm que ser tomadas, porque não há mais espaço para corrupção ou para qualquer coisa que fique em caixa preta.”
Entre 2000 e 2001, foi realizada uma CPI para investigar contratos de patrocínio da Nike à Seleção Brasileira. O relatório da comissão tinha mais de 600 páginas, mas acabou não sendo aprovado.