26/05/2015 18:38 - Direito e Justiça
Radioagência
CPI da Petrobras: executivo reafirma que Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propina
O executivo Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da construtora Camargo Côrrea, disse à CPI da Petrobras que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina para os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque.
A informação já havia sido dada à CPI pelo presidente da empresa, Dalton Avancini.
O ex-vice-presidente da empreiteira disse que o pagamento de propina era intermediado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo empresário Júlio Camargo. E que os pagamentos feitos a Renato Duque eram destinados ao PT.
Eduardo Leite explicou ao deputado Efraim Filho, do Democratas da Paraíba, que ficou sabendo disso pelo ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco.
"O Renato Duque acionava o Júlio Camargo, que é quem me cobrava"
"O Renato Duque falava para você em nome do PT? Você tinha essa percepção?" [deputado Efraim Filho, do DEM-PB]
"Na primeira reunião que eu tive, isso pra mim ficou claro na explanação do Pedro Barusco. Pedro Barusco falou da propina, falou de quanto ele estimava lá nos controles dele que a Camargo devia e que isso tinha um panorama de apadrinhamento que eles tinham que prestar contas junto ao Partido dos Trabalhadores"
Eduardo Leite disse ainda que a propina paga aos diretores correspondia a 2% do total dos contratos da Camargo Corrêa com a Petrobras. E que esse valor era embutido no preço que a empreiteira cobrava. Segundo ele, esse valor é pago a mais pela Petrobras até hoje, mesmo depois da Operação Lava-Jato, que acabou com o pagamento de propina.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, disse que a única novidade do depoimento de Eduardo Leite diz respeito ao início do pagamento de propina na Petrobras.
"O dado novo é que ele disse que deu continuidade a contratos que já estavam assinados e que esses contratos datavam de 2002"
Outros dois executivos convocados pela CPI acabaram dispensados depois de se recusarem a responder as perguntas dos deputados. João Ricardo Auler, ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, e José Adelmário Pinheiro Filho, ex-presidente da Construtora OAS, disseram que iriam usar seu direito de permanecer calados. Eles também são acusados de envolvimento no pagamento de propina e formação de cartel.
Um depoimento bastante aguardado na CPI é o do empresário Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC, apontado como coordenador do cartel. Pessoa formalizou acordo de delação premiada com a Justiça Federal e a comissão não vai abrir mão do depoimento, marcado para 2 de junho, de acordo com o presidente da CPI, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba.
"Ele vem de qualquer jeito e vai ter que falar de qualquer jeito porque ele já assinou a delação premiada"
Nesta quarta, a CPI da Petrobras ouve o depoimento de cinco executivos do grupo Schahin, que arrendava plataformas de perfuração para a petrolífera.