18/03/2015 19:28 - Administração Pública
Radioagência
Gerente da Petrobras diz que cancelamento de refinarias no Maranhão e Ceará foi decisão econômica
A decisão da Petrobras de cancelar a construção de duas refinarias nos estados do Maranhão e Ceará foi motivada por fatores econômicos. A principal delas foi a desistência de um parceiro, a companhia petroquímica chinesa Sinopec, que em dezembro comunicou à estatal que não tinha mais interesse econômico no projeto maranhense, o de estágio mais avançado.
No mês seguinte, em janeiro, a Petrobras anunciou publicamente que estava abandonando as duas unidades de refino.
A afirmação foi feita pelo gerente-executivo de Investimentos da Petrobras, Wilson Guilherme Ramalho da Silva. Ele participou de audiência pública na comissão externa da Câmara dos Deputados que investiga o cancelamento da construção das refinarias.
O representante da estatal afirmou que a suspensão dos dois projetos teve como pano de fundo o aumento da oferta mundial de derivados de petróleo, com a entrada em operação de duas refinarias sauditas.
Segundo Silva, isso fez cair as projeções futuras de lucro dos projetos nordestinos, afastando o interesse do parceiro chinês e a própria atratividade das duas novas unidades.
“A decisão de cancelamento foi eminentemente econômica. Foi definida no fórum técnico e econômico, em alinhamento com o plano de negócios e gestão da Petrobras, que não projetou as margens que a gente esperava quando concebemos os conceitos das refinarias no Maranhã e no Ceará”.
Segundo representante da Petrobras, a existência de um parceiro para compartilhar os riscos era uma necessidade "mandatória" do plano de negócios da empresa.
A projeção da estatal é que a refinaria do Maranhão iniciasse sua operação em 2018, e a cearense, em 2019. Silva explicou aos parlamentares que, no momento, a Petrobras está trabalhando para encerrar os contratos e convênios feitos nos dois estados para a construção das plantas industriais.
Questionado pelo deputado Moses Rodrigues, do PPS do Ceará, o gerente da Petrobras disse que o cancelamento dos empreendimentos não vai afetar o abastecimento do mercado de derivados de petróleo. O Brasil hoje importa 15% de tudo o que consome de derivados. Segundo ele, a companhia tem alternativas, como a importação dos derivados e o aumento do refino nas outras unidades.
As informações prestadas pelo representante da Petrobras não convenceram os integrantes da comissão externa. O relator do colegiado, deputado Raimundo Gomes de Matos, do PSDB do Ceará, anunciou que vai enviar ao Ministério de Minas e Energia pedido de informações sobre os valores gastos nos empreendimentos até o anúncio do cancelamento. As informações tornadas públicas até agora apontam que a estatal gastou R$ 2 bilhões para preparar a construção das duas refinarias. Para ele, é preciso saber se houve prejuízo para os cofres públicos e punir os eventuais responsáveis.
A coordenadora da comissão, deputada Eliziane Gama, do PPS do Maranhão, também disse que os responsáveis por eventuais prejuízos ao erário devem ser penalizados.
“Eu vou pegar R$ 2 bilhões, fazer um investimento aqui, não deu certo, acabou! É um dinheiro que sai da gente. Não dá para ficar só assim. Nós não estamos apenas tentando encontrar os responsáveis, e vamos procurar isso, e responsabilizá-los criminalmente por isso, porque para mim foi um crime”.
Na próxima semana a comissão externa vai realizar uma nova audiência pública. Desta vez serão ouvidos o diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino Ramos, e representantes do movimento sindical petroleiro.