17/03/2015 21:57 - Direitos Humanos
Radioagência
Casos de perseguição religiosa serão foco de nova frente sobre políticas para refugiados
Frente parlamentar mista lançada na Câmara nesta terça-feira vai discutir políticas públicas para refugiados e ajuda humanitária. A frente vai se preocupar especialmente com os casos de perseguição religiosa no Brasil e no mundo.
O deputado Leonardo Quintão, do PMDB de Minas, explica que criou a frente com objetivo de auxiliar o país a dar melhores condições de vida e integração social e cultural aos refugiados que chegam ao Brasil, por motivos de perseguição religiosa, de raça, de nacionalidade, e outros. Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
O evento de lançamento da frente também inaugurou a participação do Brasil no Painel Internacional de Parlamentares para a Liberdade Religiosa, o IPP-Brasil, que reúne parlamentares de todo o mundo para discutir a questão. Juntamente com Roberto Lucena, deputado licenciado do PV de São Paulo, Quintão representou o Brasil em congresso realizado na Noruega, em novembro do ano passado.
“O pedido internacional dessa frente parlamentar de 40 países é que o Brasil possa ser um dos líderes dessa coalizão. Então, nós temos que realmente demonstrar que o Brasil é o país considerado com a maior liberdade religiosa entre todos os países.”
Quintão afirma que buscará referências de políticas de outros países para elaborar propostas, como o Canadá, que, segundo o deputado, tem um embaixador específico para tratar de liberdade religiosa, e os Estados Unidos, que, além do embaixador, têm um órgão específico interno no governo para questões internas e exteriores.
"Iremos sugerir ao governo que possa ter o embaixador porque o cargo de embaixador facilita muito essa intermediação entre os países, o diálogo entre os países."
Também participaram do lançamento representantes de órgãos não governamentais dos Estados Unidos, Inglaterra e Noruega que tratam da liberdade religiosa e também da Associação Nacional de Juristas Evangélicos, a Anajure, que será uma das organizações do Brasil a apoiar a frente. O presidente da associação, Uziel Santana, contou que a entidade desenvolve há dois anos um programa para apoiar refugiados perseguidos por motivações religiosas e que a demanda por refúgio no Brasil tem aumentado.
"Hoje o mundo vive catástrofes e guerras, principalmente no norte da África, também aqui na América do Sul, no caso da Colômbia, México, em que há um grande deslocamento de pessoas que fogem por perseguição. Não só religiosa, mas também política, por pertencimento a um grupo social, raça, etc. No Brasil, só este ano de 2015, nós já tivemos mais de 100 pedidos de refugiados e isso vem aumentando consideravelmente."
Durante o evento, os deputados ouviram o depoimento de uma família de paquistaneses refugiados no Brasil, com apoio da Anajure. Eles saíram de seu país para fugir de perseguições de fundamentalistas islâmicos, que os condenavam à morte, seguindo a Lei da Blasfêmia, por terem se convertido ao cristianismo. Após seis anos vivendo ilegalmente em outros países, eles conseguiram passaporte brasileiro.
O deputado Leonardo Quintão afirmou que ele e o deputado Roberto de Lucena colocaram, cada um, R$ 500 mil das emendas individuais no Orçamento da União para que o Ministério da Justiça aplique na intermediação do acolhimento de refugiados no país.