12/03/2015 21:07 - Política
Radioagência
Ex-presidente da Petrobras nega "corrupção sistêmica" na estatal
Ex-presidente da Petrobras nega "corrupção sistêmica" na estatal e sugere aperfeiçoamento do sistema de controle interno. Na condição de convocado, Sérgio Gabrielli prestou depoimento, nesta quinta-feira, na CPI da Petrobras, e afirmou ser impossível para a estatal detectar internamente a corrupção articulada pelos ex-dirigentes Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, delatores da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O desvio de recursos pode chegar a 10 bilhões de reais. Gabrielli presidiu a estatal entre 2005 e 2012. Segundo ele, auditorias externas e internas, inclusive com o apoio do Tribunal de Contas da União, não encontraram indícios de corrupção. Gabrielli afirmou que a propina foi iniciativa particular dos ex-dirigentes investigados e que o caso é mesmo "de polícia".
"Os processos de contratação da Petrobras são gigantescos, procedimentados e com regras definidas. As comissões de licitações funcionam, os orçamentos não vazaram e os custos estavam de acordo com as realidades de mercado. Todos os números estão dentro dos parâmetros aceitos pela Petrobras, portanto, são impossíveis de serem percebidos como atos de corrupção. O ato da propina ocorre na negociação de algumas pessoas criminalmente se associando com fornecedores externos da Petrobras."
Para prevenir corrupções futuras, Gabrielli sugeriu o aperfeiçoamento do sistema de controle interno da Petrobras. O clima se acirrou na CPI com as indagações dos sub-relatores e do líder do PSDB, Carlos Sampaio. O tucano buscou responsabilizar o ex-presidente Lula e a presidente Dilma pelas indicações de ex-diretores investigados na Lava-Jato. Sampaio acrescentou que a gestão de Gabrielli tem responsabilidade direta em prejuízos de U$ 100 milhões da estatal.
"A fala de vossa senhoria hoje demonstra conivência ou uma incompetência brutal. Estou do lado da conivência, por hora. Ele (Gabrielli) afronta a inteligência de brasileiros e de todos que estão nesta CPI. É de uma cara de pau inaceitável e vem aqui dizer inverdades".
Houve bate-boca entre deputados governistas e da oposição. O deputado Afonso Florence, do PT baiano, voltou a defender a extensão das investigações da CPI ao governo Fernando Henrique.
"O senhor Barusco diz que amealhou U$ 97 milhões, sendo U$ 40 milhões a U$ 50 milhões entre 2003 e 2013. Portanto, são U$ 47 milhões antes de 2003, no período FHC e não tinha corrupção sistêmica. Ele amealhou mais quando não tinha corrupção sistêmica e menos investimento do que quando tem corrupção sistêmica".
A CPI da Petrobras volta a ouvir depoimentos na próxima quinta-feira, quando será ouvido o ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, que também chegou a ser preso em etapa anterior da Operação Lava-Jato.