Radioagência

Chico Alencar é o quarto candidato à presidência da Câmara dos Deputados. O anúncio foi feito, nesta sexta-feira (23), pelo partido do deputado, o PSOL, com o argumento de que a candidatura será uma "reação ao discurso de negação da política e à necessidade de que o Legislativo se abra aos clamores da população".

O deputado Chico Alencar afirmou que a decisão de se lançar candidato surgiu da observação do que chamou de "insuficiências ou limitações" das demais candidaturas anunciadas, que ainda estariam influenciadas pela recente disputa eleitoral para a presidência da República. O deputado do PSOL disse que, além da crise hídrica, o Brasil vive hoje crises éticas, de políticas públicas e de representação que precisam ser colocadas no debate para a presidência da Câmara.

"Está faltando debate de conteúdo em relação à concepção de democracia; à conjuntura nacional; à experiência de democracia liberal que vivemos durante muito tempo; à crise da representação, que é um fenômeno no mundo inteiro; às novas formas de comunicação e de protagonismo da sociedade, que vão além da representação partidária e parlamentar. A nossa candidatura tem um elemento que a distingue: nenhuma sombra, nenhuma possibilidade de o candidato nem o partido estar com algum vínculo com as investigações criminais da Operação Lava-Jato".

Chico Alencar afirmou que sua campanha para presidente da Câmara "não gastará um tostão" e será baseada na divulgação de "ideias e causas". Entre as propostas que pretende priorizar na pauta de votação ou, pelo menos, de discussão da Câmara, Chico citou a Reforma Política com participação popular; uma Reforma Tributária progressiva que garanta a taxação das grandes fortunas; os direitos das minorias, com enfrentamento, por exemplo, do debate em torno da criminalização da homofobia; e a recuperação da credibilidade do Parlamento junto à sociedade.

O deputado avalia que o Parlamento e os partidos políticos podem ser revigorados desde que entendam que não têm mais o monopólio da representação da sociedade. A bancada do PSOL cresceu, mas terá apenas cinco deputados na próxima legislatura. Chico diz como pretende conquistar os votos dos deputados que tomarão posse em primeiro de fevereiro.

"Nós sabemos que, mesmo com as máquinas partidárias fortes e poderosas que estão operando, há cerca de cem deputados ainda indefinidos, apesar de os partidos estarem se movimentando. Alguns partidos estão programando a definição de apoio à candidatura só para as vésperas da eleição, então, estamos apresentando a candidatura, as suas razões e a sua plataforma e vamos ver que tipo de repercussão isso tem e quem pode fechar com essas propostas".

Professor de História e escritor, Chico Alencar é carioca, tem 65 anos de idade e vai cumprir, a partir de fevereiro, o quarto mandato como deputado federal. Em 1987, filiou-se ao PT, onde permaneceu por 18 anos, até deixar o partido para ajudar a fundar o PSOL, em 2005. Na Câmara, além de líder do PSOL, Chico foi titular do Conselho de Ética e de várias comissões, como a de Direitos Humanos, de Legislação Participativa, e de Educação. Os demais candidatos à presidência da Câmara são Eduardo Cunha (PMDB-RJ); Arlindo Chinaglia (PT-SP); e Júlio Delgado (PSB-MG).