17/12/2014 21:16 - Política
Radioagência
Ato público pede cassação de Bolsonaro; deputada diz que luta é de todas as mulheres
Deputadas, senadoras e representantes de movimentos sociais de todo o país estiveram reunidos na Câmara em ato público para defender a cassação do mandato do deputado Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro. O motivo são as ofensas feitas da tribuna do Plenário à deputada Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul.
Na última terça-feira, o Conselho de Ética da Câmara instaurou processo disciplinar, a pedido do PT, do PC do B, do PSB e do PSOL, pedindo a cassação do mandato de Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar.
No mesmo dia, Maria do Rosário protocolou denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro por injúria, calúnia e difamação e também entrou com uma ação de danos morais contra o deputado.
A deputada ressaltou que essa luta não é só dela, mas sim de todas as mulheres, pois a banalização de um comportamento violento não pode ser assimilado pela sociedade. Caso ganhe o processo de danos morais contra Bolsonaro, Rosário disse que doará o dinheiro da indenização para entidades ligadas às causas de mulheres vítimas de violência.
''É importante que ocorra justiça nesse assunto não por mim, mas sim por todas as mulheres do Brasil, tanto que, caso ocorra indenização a meu favor, vou doar o dinheiro para entidades que tratam de mulheres vítimas de violência. A justiça que eu procuro, ela busca que o Congresso Nacional escute a sociedade porque é quando acontecem coisas desse tipo é que a sociedade se afasta”
A deputada Rebeca Garcia, do Amazonas, que pertence ao mesmo partido de Jair Bolsonaro, o Partido Progressista, também compareceu ao ato para apoiar a manifestação e disse que as ideias de Bolsonaro não correspondem à opinião de seu partido, em especial, das mulheres.
Rebeca Garcia acha que o PP irá acompanhar o processo de cassação de forma neutra, deixando o caminho livre para uma possível saída de Jair Bolsonaro.
''Eu entendo que o partido se colocará contra a permanência de alguém que faça uso da tribuna dessa forma. A tribuna é feita para o engrandecimento do País, e eu vejo neste caso uma grande oportunidade para passarmos uma régua nessas situações, onde a classe política fica cada vez mais desvalorizada, e mostrarmos para a nossa sociedade que existem muitos políticos de bem.''
O deputado Jair Bolsonaro já apresentou sua defesa no Conselho de Ética e diz não temer a cassação. Ao se referir a mulheres de seu partido que defendem sua saída, o deputado entende que elas estão apenas querendo aparecer.
'Estão perdendo porque as pessoas estão me apoiando nas redes sociais, e milhares de comentários são de mulheres me apoiando. Então essas mulheres estão querendo aparecer, e elas poderiam aparecer para apoiar a redução da maioridade penal e também o meu projeto de lei, que visa agravar penas para estupro de vulnerável e condicionar a progressão de pena apenas para o estuprador que se sujeitar ao tratamento químico.”
Jair Bolsonaro também foi denunciado no STF pela vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, por incitação ao crime de estupro. Se condenado, ele pode ser punido com pena de três a seis meses de prisão, mais multa.